Análise Social, Revista do Instituto de Ciências Sociais da U.L, Lisboa,
(1963-1974)
3 / 6
A história não foi, por conseguinte, área estratégica de publicação na primeira década de existência da Análise Social. A revista afirmou o seu lugar ímpar na produção científica em ciências sociais dedicando espaço privilegiado de divulgação de trabalho científico nas áreas da economia e sociologia do desenvolvimento, do trabalho, emprego, desemprego e produtividade, da repartição do rendimento e das políticas salariais, da habitação, cidades e políticas urbanas, da demografia, família e políticas familiares, da previdência, segurança social e políticas sociais, da industrialização e organização social da empresa, da emigração, da educação, universidade, políticas educativas e investigação científica e tecnológica. Foram ainda especialmente marcantes as reflexões teóricas sobre problemas ontológicos e metodológicos das ciências sociais e os estudos de âmbito interdisciplinar sobre as estruturas sociais, económicas e políticas da sociedade portuguesa no início da segunda metade do século XX.
Por este elenco de categorias se conclui que a Análise Social construiu a sua reputação como revista académica interessada em promover um debate fundamentado nos planos teórico e empírico sobre um vasto campo de pesquisa servido por diversas disciplinas das ciências sociais, com destaque para os estudos de âmbito económico e sociológico. Por esta razão, a Análise Social tornou-se numa plataforma de conhecimento e intervenção, atraindo a atenção de um leque diversificado de leitores que ultrapassava o número limitado dos que então cultivavam o campo das ciências sociais em Portugal. Durante esta fase inicial, as tiragens da Análise Social variavam entre 2000 e 3000 exemplares, o que demonstra a existência de um enorme potencial de apoio à reflexão fundamentada levada a cabo pelos investigadores do GIS, sob a liderança de Adérito Sedas Nunes. Como curiosidade, assinale-se que o preço da revista se manteve sempre o mesmo entre 1963 e 1974 (25$00 número avulso, 80$00 assinatura anual).
Um aspeto saliente dos escassos estudos históricos produzidos neste período (1963-1974) refere-se à sua articulação com os temas da agenda científica do GIS. Neste sentido, no número triplo especial dedicado à “Universidade na vida portuguesa” (Vol. VI, nº 22/23/24, 1968) foram incluídos três artigos sobre história da educação, de autoria de António Farinha Portela, sobre a história do ensino das ciências económicas em Portugal desde a Aula do Comércio pombalina, de Maria Eduarda Cruzeiro e Raul da Silva Pereira, que apresentaram uma cronologia histórica das universidades portuguesas, e de Vitor Matias Ferreira e A. Sedas Nunes, sobre o meio universitário português entre 1945 e 1967. Ainda sobre o tema de história (sociológica) da educação foram os trabalhos de Vitor Matias Ferreira, dedicado à história da imprensa estudantil portuguesa (Vol. VII, nº 25/26, 1969), e de Maria Filomena Mónica sobre o ensino primário nos primeiros anos do salazarismo (Vol. X, nº 39, 1973).