Análise Social, Revista do Instituto de Ciências Sociais da U.L, Lisboa,
(1963-1974)
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À luz de uma visão mais ampla ou de um critério mais abrangente sobre o sentido histórico de algumas pesquisas dedicadas a temas de âmbito macroeconómico e macrossociológico, será sempre possível aludir ao caráter inevitavelmente histórico de reflexões sobre os processos e dinâmicas de crescimento e desenvolvimento económico, pelos quais a Análise Social tanto se interessou. Com efeito, em muitos ensaios dedicados ao estudo das estruturas e evolução da sociedade portuguesa encontramos passagens ou incursões em que os antecedentes históricos são chamados para testemunhar ou comprovar as mudanças ou continuidades registadas. Também nos ensaios de índole mais abstrata e teórica, a história das ideias e da ciência são domínios convocados em auxílio da compreensão da literatura atual. O exemplo mais flagrante deste tipo de cumplicidade implícita das ciências sociais com a história foi dado no artigo inaugural da revista dedicado ao estudo das ideologias (Vol. I, nº1, 1963), assinado por Adérito Sedas Nunes, e que se situa claramente numa perspetiva de história das ideias.
Todavia, a presença indireta da história neste tipo de ensaios não invalida a apreciação que terá de ser globalmente feita sobre o caráter subalterno que a história como disciplina académica (ainda) ocupa na estruturação do GIS, enquanto unidade de investigação, e nos resultados da sua produção científica ao longo do período aqui considerado (1963-1974). Na década seguinte, a História passaria a ser bem diferente.
A Revolução de Abril de 1974 constituiu uma viragem na fixação de novas temáticas de investigação que foram especialmente enriquecidas pelos contributos dados para o estudo dos fundamentos históricos dos problemas do Portugal contemporâneo. Assistiu-se então no GIS, depois transformado em ICS, mas sempre através das páginas da Análise Social, a uma renovação profunda do campo historiográfico (da história social, política, económica, institucional, colonial e cultural), que definiu novos horizontes de pesquisa e deixou marcas decisivas para o avanço do conhecimento histórico em Portugal.