Arquivos do Centro Cultural Português, Paris, França (1969-2005)
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Atendendo ao disposto no testamento de Calouste Sarkis Gulbenkian, onde se especificava que a acção da Fundação por si instituída dever-se-ia exercer em Portugal e noutros países onde se julgasse conveniente, seria criado, em 1965, o Centro Cultural de Paris. O Centro visava a promoção da cultura portuguesa em França, privilegiando a cooperação com várias universidades daquele país. O seu primeiro director foi Joaquim Veríssimo Serrão, que observou a actividade daquele pólo como uma “embaixada cultural em França” (Arquivos…, 1969, p. 9), berço de uma imagem projectada da vida intelectual portuguesa. No seio deste Centro surgiu a necessidade da criação de um órgão doutrinal, que servisse de união entre docentes, investigadores, estudiosos franceses, portugueses e lusófilos espalhados pelo mundo. A ideia, nascida na mente de Joaquim Veríssimo Serrão, concretizou-se em 1969, ano em que se comemorou o centenário do patrono da Fundação Calouste Gulbenkian, durante o qual foi lançado o primeiro número.
Ainda no primeiro volume, esta publicação apresenta-se como “órgão doutrinal e informativo que pretende elevar os valores da Cultura portuguesa” (Arquivos…, 1969, pp. 9-10). Um dos seus objectivos fundava-se, pois, na satisfação das aspirações de um grande número de entusiastas da cultura portuguesa, constituindo ideal instrumento de reconhecimento da problemática cultural do seu tempo. Desde a sua fundação, mimetizando os objectivos do Centro Cultural de Paris da Fundação Calouste Gulbenkian, esta revista pretendeu complementar as suas actividades, impondo a presença junto das universidades, academias, bibliotecas e outras instituições de carácter literário ou científico. A publicação pretendia constituir um veículo de divulgação, desejando “servir, o melhor possível, a política de aproximação luso-francesa no campo da arte, da ciência e da educação” (Arquivos…, 1969, p. 9). Uma divulgação centrada numa mensagem inscrita num pensamento cultural, “desenvolvendo o ambiente da lusofilia, estimulando as suas correntes mais expressivas” (Arquivos…, 1969, p. 9), de forma a tornar mais amada e mais conhecida a cultura portuguesa no mundo.
Como uma “colectânea erudita”, nas palavras do director e fundador da revista, Joaquim Veríssimo , encontramos nas páginas de apresentação a tipificação do público a quem se destinava: “um cada vez maior número de lusófilos” (Arquivos…, 1969, p. 9).