Arquivos do Centro Cultural Português, Paris, França (1969-2005)
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Considerada pelos vários directores como a secção mais pobre, as razões para este desaparecimento após uma sublinhada perda de preponderância no seio da obra, parece centrar-se numa colaboração limitada por parte dos autores, avessos à crítica dos seus pares e numa falta de espaço em mercê da elevada extensão das restantes rubricas.
Lembre-se que do objectivo inicial desta obra, constava a publicação de estudos de história, de literatura e de arte, na sua feição autónoma e comparada, tendo como exclusivo domínio as ciências humanas. Mas a arte foi o que ficou mais aquém. Podemos reparar, no que é relativo à parte doutrinal desta colectânea, que até 1977 registou-se uma grande diversificação de temas abordados. Apesar de a Literatura ter sido sempre uma área fulcral desta revista, durante este período, assinalou-se a publicação de artigos nas áreas da história do livro, da história ultramarina, da história religiosa, da história das ideias, da história da música, da história da arte… Contudo, a partir de 1978 até praticamente ao último número, salvo raras excepções, o tema literário lideraria, ocupando, em certos volumes, um peso muito superior a 50% da obra, o que originaria uma menor diversidade dos temas históricos abordados.
Cerca de 44% dos colaboradores desta revista eram portugueses, seguidos pelos colaboradores franceses, na ordem dos 35%. Esta diversificação foi tornada clara desde 1979, quando o então director da publicação, José de Pina Martins, explicaria a escolha de um maior número de colaboradores portugueses, seguido por um número bastante considerável de investigadores franceses, pelo facto de esta ser uma revista portuguesa e ter a sua sede em França. Se a grande maioria dos colaboradores possuíam nacionalidades portuguesa e francesa, observar-se-iam colaborações de autores de várias outras nacionalidades, estudiosos da cultura portuguesa no mundo: brasileira, espanhola, anglo-saxónica e italiana. Observaram-se, da mesma forma, colaborações pontuais de autores argelinos, arménios, turcos, polacos, belgas, chineses, israelitas, ingleses, holandeses, romenos e alemães.
Este cambiante de colaborações obteve repercussões ao nível do idioma em que os Arquivos se apresentavam escritos. Aceitando artigos em várias línguas (português, francês, inglês, italiano) seriam, contudo, as línguas portuguesa e francesa as mais representadas. De facto, uma considerável porção dos colaboradores desta publicação eram lusitanistas, na sua maioria franceses, mas também investigadores espalhados um pouco por todo o mundo.