Arquivos do Centro Cultural Português, Paris, França (1969-2005)
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Como tal, tratava-se de uma publicação dirigida a investigadores de formação superior com interesse voltado para ciências humanas. Esta revista surgiu num período em que se observou, em Portugal, um surto de revistas de história, essencialmente publicadas no âmbito de universidades e centros de investigação, geralmente suportadas por investigadores, facto que sublinharia a redução do conceito e do acesso à cultura a uma elite restrita e especializada. Como publicação especializada de cultura, interdisciplinar, operava em circuito fechado.
Ao longo dos primeiros 24 anos de existência, a revista foi dirigida pelos quatro directores do Centro Cultural Português em funções durante o período homónimo. O primeiro director e fundador da revista foi Joaquim Veríssimo Serrão, entre 1969 e 1972, correspondente à 1ª série da publicação. José de Pina Martins sucedeu a Veríssimo Serrão, permanecendo no cargo durante dez anos, entre 1973 e 1983, correspondentes à 2ª e 3ª séries. Entre 1983 e 1988 foi a vez de José Augusto França dirigir este periódico, num período concernente aos volumes da 4ª série. Por fim, entre 1989 e 1993, a direcção desta revista coube a Maria de Lourdes Belchior, nas suas 6ª e 7ª séries. A necessidade da existência de um órgão doutrinal e erudito de aproximação luso-francesa tornou-se, contudo, realidade algumas décadas antes da publicação dos Arquivos do Centro Cultural Português. Precursora, nesta área, terá sido o Bulletin des Etudes Portugaises, editado a partir de 1931 por uma parceria entre a Universidade de Coimbra, responsável pela sua coordenação, e o Institut Français en Portugal, responsável pela sua redacção. Na sua fase inicial, esta revista era editada três vezes por ano, em Janeiro, Maio e Novembro, compilando artigos originais e inéditos, redigidos na língua francesa, traduções de artigos portugueses dificilmente acessíveis a investigadores estrangeiros e recensões críticas de obras recentes com importância para a cultura portuguesa.
Reunindo artigos nas áreas da filologia e literatura portuguesas, antropologia e arqueologia, história, história da arte e geografia, observou-se, nos primeiros anos, uma preocupação com o peso destas temáticas no total da obra, tratadas de forma igualitária. Preocupação notada, ainda, ao nível da nacionalidade dos autores, igualmente repartida entre portugueses e franceses.