Ao surgir, em 1956, a LS apresentou-se como «Revista do Centro de Estudos de História Eclesiástica» (CEHE). Na intenção dos seus promotores, a LS e o CEHE pretendiam suprir uma lacuna que consideravam evidente na historiografia portuguesa – a investigação sobre a problemática eclesiástica –, facto tornado patente no desafio lançado pelo «Comité International des Sciences Historiques» e a sua Comissão de História Eclesiástica Comparada para que a historiografia portuguesa sobre esta temática se fizesse representar nos Congressos internacionais das Ciências Históricas. O repto do CISH esteve na génese da reunião de 5 de Janeiro de 1956 da qual saiu uma Comissão, presidida por Mons. Miguel de Oliveira e integrando António da Silva Rego, António Brásio e Avelino de Jesus da Costa, encarregada de organizar um Centro de Estudos, a que foram agregados Bernardo Xavier Coutinho e Mário Martins, compondo no seu conjunto a Comissão de Redacção da LS. A publicação desta, cujo título se deveu a sugestão de Miguel de Oliveira, ficou decidida naquela reunião, tendo surgido, ainda em 1956, o Tomo I da LS. Na prática, porém, a Revista antecedeu em cerca de 15 anos a constituição formal do CEHE, cujos estatutos tiveram aprovação canónica a 29 de Dezembro de 1972 e civil a 15 de Fevereiro de 1973.
A LS manteve-se nesse período como única concretização visível do CEHE ao qual os promotores projectavam, desde o início, uma actividade restrita enquanto “não estivesse anexo a um Instituto de cultura católica”, expectativa acalentada por alguns sectores do catolicismo português desde o encerramento da Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra; assim, esse Centro era, nas palavras dos seus promotores, um “agrupamento de estudiosos de boa vontade” [LS, 1ª Série, I (1956), p. 297], desempenhando a LS tanto a função de dar visibilidade à iniciativa quanto a de manter desperta a necessidade do desenvolvimento dos estudos de história eclesiástica, alimentando a vontade de ver crescer o número dos investigadores que se debruçassem sobre esse campo historiográfico.