A partir de meados do século XIX o desenvolvimento das ciências experimentais e das ciências humanas foi acompanhada pelo crescimento da imprensa periódica (J. A. Mendes, Desenvolvimento e estruturação da historiografia Portuguesa, 1996, pp. 211-12). O ano de 1880 pode ser simbólico. Nele se sentiu o fervilhar de um conjunto de actividades culturais tão diversas como a comemoração do Tricentenário da Morte de Camões, a realização em Portugal do Congresso Internacional de Arqueologia e Antropologia Pré-Históricas e a publicação da obra Ora marítima do geógrafo latino Rúfio Festo Avieno por Martins Sarmento, que assim se tornou mais conhecido (J. M. de Almeida, Revista de Guimarães: um século…, 1984, p. 480).
No entender de Justino Mendes de Almeida, a Revista de Guimarães é uma publicação científica e apenas terá sido precedida pelas seguintes publicações, similares: As memórias da Academia das Ciências (desde finais do século XVIII); O Instituto (1853); Boletim da Associação de Arqueólogos (1865) ou o Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa (desde 1876). A Revista de Guimarães começou a ser congeminada em 1883, no seio da Sociedade Martins Sarmento, e publicada em 1884, ano no qual tiveram lugar outros acontecimentos relevantes, como a fundação do Ateneu Comercial do Porto, a publicação do decreto de Joaquim António de Aguiar sobre o ensino técnico, a publicação do Sistema de Sociologia de Teófilo Braga. No plano internacional começou a realizar-se a Conferência de Berlim, que terminou no ano seguinte.
A Revista de Guimarães nasceu no seio de uma instituição vimaranense, a Sociedade Martins Sarmento. A primeira reunião da Sociedade teve lugar a 20 de Novembro de 1881 e foi promovida por personalidades locais como Domingos Leite de Castro, Avelino da Silva Guimarães, Avelino da Costa Freitas, José da Cunha Sampaio e Domingos José Ferreira Júnior, que pretendiam homenagear o arqueólogo vimaranense Martins Sarmento e ajudar ao desenvolvimento de Guimarães.