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AMADOR DE LOS RÍOS Y SERRANO, José | |||||||||||||
Quando é observada desde o presente, a obra de JAR revela-se como uma das principais bases da historiografia positivista espanhola, e de toda a produção que veio acompanhá-la – grandes coleções documentais, estudos arqueológicos, edições de crónicas – com o objetivo de centralizar e organizar o legado cultural. O ‘tipo’ intelectual em que JAR se enquadrava, com amplos conhecimentos diversificados e sólidos estudos como bibliófilo, antiquário, arqueólogo, paleógrafo, epigrafista e numismático, ligados a funções públicas relacionadas com atividades docentes e patrimoniais, potenciava essa ideia de integração que, para além de incluir e unificar diferentes elementos do passado, seria o substrato de novas terminologias e conceitualizações. Neste sentido, no ano de 1859, no seu discurso de ingresso na Real Academia de San Fernando, JAR definiu um conceito que tem condicionado os estudos sobre a arquitetura medieval hispânica até ao presente: o ‘estilo mudéjar’. O termo deriva do árabe murayyann – doméstico ou domesticado – e, tradicionalmente, designa os muçulmanos que continuaram a viver em territórios cristãos da Península Ibérica depois dessas áreas terem sido ‘reconquistadas’. A arquitetura mudéjar seria caracteristicamente ibérica, hispânica ou espanhola; i.e., única e diferente das outras pelo facto de combinar elementos próprios do mundo cristão e do al-Ândalus. As construções, geralmente de pequeno tamanho, caracterizavam-se fundamentalmente pelos materiais: gesso, adobe e tijolo nas paredes, e madeira no teto. Também por terem decorações características do al-Ândalus, o que levou a considerar que tinham sido feitas por muçulmanos que viviam em territórios sob o poder cristão. Para além destas características, nenhum elemento construtivo as diferenciava, e isto fez com que muitos especialistas questionassem a denominação. O termo, porém, teve um enorme sucesso, e continua a ser utilizado não só para fazer referência a obras arquitetónicas, mas também para outras manifestações artísticas e culturais. Nesse mesmo ano, 1859, era vendida em França uma parte do ‘tesouro de Guarrazar’, um conjunto de joias visigóticas descobertas em Toledo, depois de terem sido escavadas clandestinamente algumas sepulturas da época. Entre elas estava uma coroa votiva de ouro com granadas, safiras, almandinas, esmeraldas e pérolas, com umas letras penduradas nas quais se lia RECCESVINTHVS REX OFFERET, o que permitia datar o tesouro no período do reinado de Recesvinto (653-672). A publicidade que teve em França a compra, destinada a enriquecer a coleção do museu parisiense de Cluny, forçou o governo espanhol a intervir. JAR foi um dos dois membros da comissão enviada ao lugar onde tinham aparecido as jóias, com o objetivo de averiguar os pormenores da descoberta e assim reunir argumentos para tentar recuperar as peças que tinham saído do país. |
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