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AMADOR DE LOS RÍOS Y SERRANO, José | |||||||||||||
Dois argumentos justificam parcialmente este claro posicionamento centralista e iberista de JAR. Por um lado, do seu ponto de vista, os autores que orientavam os seus estudos no sentido de localizar as origens das manifestações culturais em entidades geopolíticas perdiam, frequentemente, a oportunidade de identificar corretamente as raízes das obras que estudavam. Assim, JAR rebateu as afirmações de Almeida Garrett, que no seu Romanceiro considerava Rainha e Cativa um romance português – “Nem os romanceiros castelhanos nem escritor algum faz menção do belo romance da Rainha e cativa. […] Pelas referências a Galiza, a senhorio de moiros ainda perto e à ‘Terra de Santa Maria’, que, como todos sabem, é o distrito de Entre-Douro-e-Vouga que hoje se chama ‘Terra da Feira’, vê-se que a história e epopeia, ambas são dos primeiros tempos da monarquia. E a circunstância de ‘salto’ por mar e ‘correria’ por terra lhe dá uma forte cor do século XII” – com argumentos que demostravam que se tinha transmitido no norte da Península. Por outro lado, para JAR não tinha sido a aparição de fronteiras, mas a evolução das artes, da literatura e das ideias, a que tinha marcado o ritmo do progresso ibérico e definido a sua idiossincrasia. Estes princípios foram refletidos na recensão da obra de Teófilo Braga, História da Litteratura Portugueza: “Obedecendo espontaneamente às leis superiores que impulsam nos nossos dias o desenvolvimento da civilização, quer em Portugal quer em Espanha, os estudos históricos têm recebido um extraordinário impulso; e, até seria melhor dizer, uma nova vida. A história da grande nacionalidade ibérica, que em má hora quebraram uma e outra vez interesses pessoais e lamentáveis erros, tem sido cultivada num conceito transcendental e com objetivos altamente filosóficos; e não só o seu variado e difícil desenvolvimento social e político – no centro do qual tem-se contemplado a dupla cultura oriental, nunca antes tida em conta, de árabes e hebreus –, mas também o seu desenvolvimento intelectual no relativo às ciências, às artes e às letras, tem sido objeto de pacientíssimos e luminosos estudos. Para fazer parte deste nobre e consolador concerto, que alivia no homem pensador e amante do humano progresso as dores da idade presente, parece chegar com a sua História da Litteratura Portugueza o diligente escritor do reino vizinho, D. Theophilo Braga” (“La crítica literaria en Portugal”, p. 159). As investigações desenvolvidas por JAR e os termos por ele acunhados aplicavam-se, desta maneira, ao conjunto da Península Ibérica. A influência destas ideias na Geração de 70 foi grande, como se comprova na leitura dos trabalhos de Antero de Quental e Oliveira Martins. |
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