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AMADOR DE LOS RÍOS Y SERRANO, José | |||||||||||||
No informe apresentado por JAR à Real Academia de la Historia, e depois enviado ao embaixador de Espanha em França, defendia-se a pertença das peças ao estado espanhol com base em duas leis. A primeira, promulgada pelo próprio Recesvinto e confirmada no VIII Concílio de Toledo, no ano 653, estabelecia que todos os bens dos monarcas adquiridos ao longo dos seus reinados deviam ser herdados pelos seus sucessores. A segunda, de 1835, mas com base numa das leis das Partidas de Alfonso X, dispunha que metade dos tesouros encontrados em terras estatais pertencia ao Estado, e que se a descoberta de um tesouro não era notificada o descobridor perdia o direito a vendê-lo. Paralelamente, nas novas escavações, comandadas por JAR, a possibilidade de encontrar novas peças ficou num segundo plano e privilegiou-se a ideia de contextualizar as descobertas. História, Arqueologia, História do Direito e História da Arte confluíram assim num projeto de enorme relevância para o estudo da Alta Idade Média na Península Ibérica. Os sete volumes da Historia crítica de la literatura española são também, ainda hoje, uma base para os investigadores. Entregues e lidos pessoalmente, consoante iam sendo escritos, à rainha Isabel II, configuraram um novo cânone que abrangia o conjunto das línguas faladas na Península Ibérica ao longo dos séculos. É de salientar, porém, o marcado castelhano-centrismo que exprimem esta e outras obras de JAR. No sexto volume da Historia crítica, por exemplo, o autor afirmava: “Portugal, comarca ganha aos mouros pelas armas de Castela e povoada com colónias galegas, reino devido à generosidade – um bocado indiscreta – de Alfonso VI, não podia em modo nenhum renegar da sua origem nem romper num só dia o fio das suas mais vitais tradições” (Historia crítica…, Vol, 6, p. 23); e, embora na mesma obra sublinhavasse a contraposição entre o afastamento político dos territórios e a existência centenária de um vínculo cultural – “Se a batalha de Aljubarrota abriu entre ambos os povos o cimento dessa inimistade nacional que ainda se vive, pela má inteligência de uma política desacertada, não foi suficiente para apagar totalmente as afeições nascidas antigamente entre os eruditos” (Historia crítica…, Vol, 6, p. 24) –, na recensão ao estudo Os Músicos Portuguezes, de Joaquim de Vasconcelos, criticavasse a perspetiva do autor precisamente por considerar que estava condicionada pela sua ideologia, a diferença do que acontecia com outros investigadores portugueses: “Teria sido fácil e natural para o Sr. Vasconcelos chegar por este caminho às verdadeiras origens da nação portuguesa, e não teria sido indigno de um filósofo confessar, como o faz o seu compatriota Herculano, as imensas dívidas que aquela porção de Espanha tem com a Espanha central, da qual apenas uma política desacertada pôde uma e outra vez desasi-la” (“Os musicos portuguezes”, p. 399). |
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