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No que diz respeito à interpretação dos Descobrimentos, Bertolotti refere que os portugueses partiram para a aventura marítima por uma necessidade de praticar grandes feitos, mas também devido ao facto de o mar ser o único espaço para onde se poderiam virar, tendo em conta a pressão militar dos vizinhos castelhanos. Estes elementos, a par da necessidade de controlo do “spirito turbolento dei suoi sudditi” (t. I, p. 186) do rei D. João I, abrem as portas dos mares ao reino. Os Descobrimentos são pois vistos por si como um momento simultâneamente de ineludível conquista de espaço e válvula de descarga da pressão social interna. Não aparece na sua descrição crítica qualquer indicação de causas de decadência, tal como acontece na historiografia liberal portuguesa do século XIX, em vários momentos. A “decadência” identificada por Bertolotti coincide com a perda da soberania nacional em 1580, com o domínio o filipino, ou seja o eclipse de uma monarquia que soubera identificar-se com a própria nação (nação valente e beligerante) através das instituições representativas - as cortes - alicerce da época de prosperidade e esplendor militar e comercial de Portugal, postas em causa pelo desaparecimento de “um giovinetto re, tratto da un imprudente amor di combattere”, que deixou campo aberto à dominação espanhola, “funesta al Portogallo come alle Fiandre e all’Italia” (t. I, p. 7). |
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