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Antes de mais, quanto ao estatuto epistemológico da História e à sua metodologia. Recusando que seja «ciência», batia-se por que fosse «elaborada por processos científicos», mostrando-se metodologicamente próximo dos princípios positivistas então hegemónicos, pela primazia dos factos, de que deve mostrar «a imagem viva, real» no agregado das suas «circunstâncias e condições» (História de Portugal, p. 5). A busca da objetividade pela factualidade fica patente nas condições para a elaboração de uma «História científica de Portugal»: objetiva – «quanto mais fiel for a imagem dos factos»; documental – uma vez que os documentos sustentariam uma interpretação mais «verdadeira», libertos que seriam do «facciosismo» do historiador; portuguesa – não «patrioteira, como a do Romantismo alemão», mas buscando «reviver a alma de Portugal, não saindo dos domínios dos factos»; peninsular – criticando o isolacionismo analítico que obsta à descoberta das características nacionais, o que só pode fazer-se «pelo método comparativo»; europeia – colocando «no lugar e no tempo» a influência das ideias, das correntes e dos factos «estrangeiros» e a «situação política da Europa» (História de Portugal, pp. 6-10). À luz destes princípios, avalia as histórias gerais de Portugal então existentes: eximindo-se a considerar a obra de Fortunato de Almeida, por não estar concluída a sua publicação, aprecia positivamente a de Herculano, feita «segundo os postulados a que deve atender-se para se escrever uma história científica», autor que acompanharia na recusa da interpretação miraculosa de Ourique em conferência proferida em Cádis no ano de 1927; em sentido inverso, distancia-se de Oliveira Martins, socorrendo-se de António Sérgio, a quem atribui a melhor apreciação sobre aquele autor, cuja obra considera «subjetiva e insuficientemente documentada», fruto de uma «conceção particular»; relativamente a Pinheiro Chagas, obra que reputa mais objetiva que a de Oliveira Martins, critica a «falta de documentação» e, sobretudo o «grande defeito de isolar-se da de Espanha». Em suma, sustenta a necessidade de conferir à historiografia maior amplitude analítica, em linha com as exigências «modernas» que alargam a «história do Estado, tornam-na sociológica», por oposição à «história literária», veículo de preconceitos que induziriam a análises anacrónicas, «apologéticas e políticas» (História de Portugal, p. 11). |
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