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Filho de um reservado funcionário do Banco de Portugal e de uma senhora hispano-inglesa de humor inconstante, foi estudante notável no Liceu Camões, tendo recebido o prémio nacional dado aos alunos mais bem classificados. Dada a sua proficiência em línguas estrangeiras, e aconselhado a ir para a Faculdade de Letras, por causa da escassez de bons docentes nesta área (e a evitar Direito, campo onde não se faria sentir a falta de professores ou advogados), Lindley Cintra ingressa no curso de Filologia Românica em 1942. Embora tivesse cultivado bastante a autoformação, muito alimentada pela biblioteca do então Centro de Estudos Filológicos (actualmente, Centro de Linguística da Universidade de Lisboa), foram marcantes na formação de Cintra em literatura portuguesa Hernâni Cidade e Vitorino Nemésio, enquanto na linguística o professor convidado alemão Harri Meier teve o papel mais decisivo. Toda a actividade de Cintra no ensino superior, enquanto discente e docente, foi desenvolvida na Faculdade de Letras: aqui se licenciou em 1946 e se doutorou seis anos mais tarde em Filologia Românica; foi assistente entre 1950 e 1960, professor extraordinário entre 1960 e 1962 e catedrático desde este ano em diante. Criou o Departamento de Linguística (hoje Departamento de Linguística Geral e Românica) no quadro de uma reestruturação departamental da Faculdade de Letras, em 1975, e reformou o Centro de Estudos Filológicos, no ano seguinte. Dirigiu o Boletim de Filologia e a nova série da Revista Lusitana, foi membro de várias organizações científicas, de que se destacam, em Portugal, a Academia Portuguesa da História e a Academia das Ciências de Lisboa, e fora, a Academia Espanhola de História e a Academia de Buenas Letras de Barcelona. Lindley Cintra licenciou-se com a tese O ritmo na poesia de António Nobre, que, embora fosse lembrada pelo próprio autor como um estudo pré-estruturalista, não deixa de conter uma reconhecida componente histórica: “O facto da maioria dos poemas do Só (…) estarem datados permite-me ligar ao estudo dos versos em si próprios a história do seu emprego” [Cintra 2002: 30]. Depois, o fascínio romântico que a Idade Média exercia sobre ele e o atractivo de fazer edições críticas contribuíram para a decisão de estudar a Crónica Geral de Espanha com o objectivo de fazer uma investigação linguística. |
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