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CINTRA, Luís Filipe Lindley | |||||||||||||
Cintra achou que a sua tese de doutoramento tivera mais alcance fora de Portugal do que dentro [org. Faria 1999: 50], sendo certo que obteve reconhecimento no seu país, designadamente no âmbito da Academia Portuguesa da História, e sobretudo na geração seguinte, conforme atesta o louvor por parte de vários colegas portugueses, como Teresa Amado, que considerou o seu estudo sobre a Crónica Geral de Espanha “um dos trabalhos mais importantes do século para a história literária da nossa Idade Média”, ou Luís Krus, para quem a Crónica Geral de Espanha de 1344 foi “exemplarmente estudada por Cintra” [Krus 1993: 189]. José Mattoso pensa que as relações entre textos e testemunhos dos principais livros de linhagens portugueses medievais foi definida de modo persuasivo por Cintra, que também foi convincente na demonstração de que os antes designados Livros III e Livro IV de Linhagens são duas versões da compilação organizada pelo Conde D. Pedro de Barcelos e de que a principal fonte desta compilação é o Liber Regum, organizado em Navarra no séc. XIII [org. Faria 1999: 565]. Metodologicamente, Mattoso vê em diferentes trabalhos seus um contributo relevante para a renovação da historiografia portuguesa graças ao modo como convoca a crítica textual, reputado instrumento sine qua non para a “interpretação correcta de textos e documentos medievais” [org. Faria 1999: 33]. Mas foi no seio da escola pidaliana que o impacto terá começado por ser mais notável e, neste quadro, o leitor mais atento parece ser Diego Catalán, que, não obstante distanciar-se das propostas de Cintra em alguns aspectos, reconhece a importância capital do seu estudo. Assim, por exemplo, Catalán não subscreve em 1962 a hipótese de que o Conde D. Pedro tenha estado associado à tradução da IVª Crónica Breve [1962: 212]. De facto, apesar de Cintra atribuir a D. Pedro a iniciativa de tradução ligeiramente ampliada (ou de ter mandado traduzir e ampliar) os capítulos consagrados na Crónica de Once Reyes à história de Portugal (o que gerou a IVª Crónica Breve preservada num testemunho quatrocentista), Catalán encontra na própria obra de Cintra vários dados e comentários que não o levam a subscrever esta hipótese [1962: 286, nota 76]. Acima de tudo, Catalán crê que Cintra classificou de maneira exacta todos os manuscritos que tomou em conta, quer os portugueses quer os espanhóis, tendo proposto um esquema genealógico convinente [1962: 292], e afirma que, depois da argumentação de Cintra, é necessário abandonar o ponto de interrogação que o filólogo português colocara no título do seu capítulo V “y afirmar simplemente”: “O conde D. Pedro de Barcelos, autor da Crónica de 1344”. [1962: 302]. |
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