Natural de Murça, filho de um guarda-fios, o terceiro de seis irmãos, é aí que, em 1940, conclui os estudos elementares. Ingressa de seguida no seminário franciscano de Montariol, Braga, donde será expulso em 1945, acusado de organizar uma fuga colectiva, animado por leituras ímpias, diziam, de obras de autores como Balzac ou Eça de Queirós, que não fizera, mas pretendia fazer. De regresso a Murça, a dura realidade local faz evoluir a sua consciência social e política. Com o liceu mais próximo em Vila Real, é como aluno autoproposto que conclui os estudos liceais em Setembro de 1948. No mês seguinte, já em Lisboa, inscreve-se na Faculdade de Direito. Foram meses de grandes dificuldades e privações, subsistindo mercê da solidariedade de amigos até conseguir um emprego modesto na Junta Autónoma das Estradas.

A campanha presidencial de Norton de Matos em Janeiro-Fevereiro de 1949 arrebata-o. Envolve-se entusiasticamente e, insatisfeito com o curso de Direito, quer desistir dos estudos. Dissuadido, matricula-se no curso de Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras no ano lectivo de 1949-50. Adere aí ao MUDJ, Movimento de Unidade Democrática Juvenil. Conclui o primeiro ano e, frequentando o segundo, abandona o curso para se dedicar por inteiro à actividade do MUDJ, de que se torna dirigente. Em 1952, numa manifestação contra uma reunião em Lisboa do Pacto do Atlântico é preso pela primeira vez, prisão breve nas esquadras da polícia. Em Janeiro de 1956 é novamente preso. Era então, havia seis meses, funcionário clandestino do PCP a actuar no MUD Juvenil. Depois de passagens pelas cadeias do Aljube de Caxias e pelas prisões privativas da PIDE no Porto é julgado em Dezembro de 1956 e condenado a dois anos e nove meses de prisão, suspensão dos direitos políticos por quinze anos e medida de segurança por período não inferior a seis meses, sucessivamente prorrogável.

É a iniquidade desta medida que explica que, quando libertado condicionalmente em Maio de 1962, a sua pena há muito expiara, cumprindo assim mais do dobro do tempo de prisão a que fora condenado. Casa aliás na prisão, com Isaura Silva, em 1959, que conhecera nas lides do MUD Juvenil dez anos antes.

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