Apesar de se vir a distinguir em áreas relacionadas com a História, nomeadamente com a História da África pré-colonial e colonial, o britânico Basil Davidson não tinha qualquer formação formal como historiador. Abandonou, aliás, os estudos aos dezasseis anos, começando algum tempo depois a trabalhar para jornais londrinos, inclusive como correspondente no estrangeiro. O jornalismo permaneceria a sua principal ocupação durante as décadas seguintes, aparte um interlúdio causado pela Segunda Grande Guerra, quando integrou as forças armadas do seu país e levou a cabo operações de apoio à resistência anti-Eixo nos Balcãs (em 1943-44) e em Itália. Finda a guerra, regressou ao papel de repórter, especialmente para periódicos afiliados à esquerda, campo político em que também se inseria. Davidson começou a interessar-se por questões africanas na década de 1950, ao tomar posição, nos seus artigos (e, mais tarde, livros), contra os regimes de Apartheid sul-africano e rodesiano e contra a existência do Império português em África. Não se limitou a observar à distância as lutas de libertação pós-1961, mas visitou pessoalmente as áreas em guerra, travando conhecimento em primeira mão com membros do PAIGC, do MPLA (sendo bastante crítico da UNITA) e da FRELIMO e conhecendo líderes como Amílcar Cabral e Agostinho Neto, de quem era muito elogioso. A simpatia que sentia pelas causas independentistas e, até certo ponto, pan-africanistas colora a sua escrita, tanto ensaística como histórica.

O interesse no presente do continente africano levou-o a interessar-se também pelo seu passado, tendo nas décadas seguintes escrito uma série de obras a respeito dessa temática. Num período em que a História de África partia ainda em grande medida de uma perspetiva eurocêntrica e o estudo da África antiga (pré-colonial) estava na sua infância, Davidson preocupou-se com dar à sua produção um caráter divulgador, numa tentativa de dissipar entre o público europeu e americano o mito de que África não tinha história própria ou uma cultura “avançada” antes da chegada dos europeus.

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