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Essa escravatura liga-se com outro ponto central do pensamento histórico do Autor, nomeadamente, a responsabilização dos europeus, e dos portugueses em específico, pela completa destabilização e, regra geral, destruição das sociedades africanas que precederam a sua chegada. Para a costa ocidental, são dados exemplos como os reinos do Congo e Ndongo, que Portugal subjugou. Na costa oriental, o saque das cidades mercantis como Mombaça é também utilizado para sustentar esta tese, defendendo o Autor que os conquistadores portugueses levaram à estagnação das rotas comerciais do Índico e, consequentemente, ao declínio de povos do interior africano como o Monomotapa, que de resto também enfraqueceram política e militarmente. Segundo o argumento apresentado, embora no período anterior existisse mudança política em África e substituição violenta de umas potências por outras, tinha sido alcançada na maioria do continente uma forte estabilidade social. Portugal quebrara tal estrutura, em parte devido à fragilidade e limitado alcance do seu domínio, que não lhe permitira substituir a ordem anterior por uma própria. Por outro lado, afirma-se que os portugueses não introduziram entre os africanos – ou praticamente sequer entre os seus próprios colonos – nenhuma das vantagens que poderiam ter resultado de contactos intercontinentais (como um maior conhecimento técnico), exceto o acesso a culturas alimentícias americanas. Mais ainda do que a subjugação militar (de resto, só mais tarde completada), é no tráfico transatlântico – iniciado e longamente perpetuado pelos portugueses – que o Autor encontra o grande desestabilizador das sociedades africanas, atingindo em maior ou menor grau todo o continente, não só através do gigantesco sorvedouro demográfico, mas também devido à intensa reorganização da economia para a centrar completamente neste único “produto” de exportação, reduzindo outras formas de trabalho ou exploração económica e tornando a guerra para captura e venda de escravos uma prática generalizada (Davidson não nega que a escravatura existia em África antes dos europeus, mas coloca ênfase nas diferenças entre a escravatura “doméstica” então presente e as formas posteriores). |
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