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Portugal é uma entre as várias potências europeias com presença em África referidas por Davidson e, tal como as restantes, focado na medida em que essa presença afetou o continente africano. Assim sendo, não encontramos no seu corpus uma tentativa de explicar ou sequer caracterizar o domínio imperial português como um todo coerente. O caso português é, todavia, merecedor de referências mais extensas em múltiplas obras do Autor, devido a vários fatores de interesse que se ligam, na sua maioria, com a sua presença ter sido de longe a mais duradoura – iniciando-se ainda no século XV e resistindo até à segunda metade do século XX (para Davidson, o Presente). As expedições quatrocentistas, abordadas com relativo detalhe, põem em evidência que o contacto europeu com as regiões subsaarianas é muito anterior à fase colonial oitocentista (algo porventura evidente para o leitor português, mas não tanto para o britânico). O historiador quer demonstrar, baseando-se nas descrições e nas ações dos navegadores portugueses, que estes europeus “medievais” viram nos africanos que encontraram indivíduos e reinos essencialmente iguais aos que conheciam na sua parte do mundo. Quer as suas relações com eles fossem de amizade e aliança (um grande destaque é dado ao Manicongo, batizado e chamado “irmão” do rei de Portugal) ou de confronto (caso das cidades da costa oriental africana), os relatos portugueses são de entidades poderosas e prósperas, com reis, exércitos e comércio de longa distância. Por um lado, tais relatos confirmam a complexidade e diversidade política da África pré-colonial e servem de fonte valiosa para a sua história. Por outro, demonstram que a imagem do africano como inerentemente inferior ao homem branco e incapaz de mais do que selvajaria não estava ainda formada no quadro mental destes europeus, como viria a estar nos séculos XIX e XX. Davidson enfatiza bastante este ponto, atribuindo o racismo de épocas posteriores aos séculos de desumanização dos africanos causada pela escravatura em grande escala. |
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