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Outro ponto que o historiador não deixa de realçar é a discriminação racial presente nas províncias ultramarinas, particularmente na fase final do Império, indo contra a ideologia propagada pelo Salazarismo, segundo a qual a sociedade colonial portuguesa se pautava pela multirracialidade e tolerância (ligadas a uma leitura específica do Luso-tropicalismo de Gilberto Freire). Também este aspeto, como os do parágrafo anterior, confere justiça, para Davidson, aos movimentos independentistas. Esses movimentos são de especial interesse para o Autor, que dedica livros a dois deles, o PAIGC e o MPLA, nos quais não disfarça as suas simpatias. Nestas obras, o Presente e o Passado tocam-se, contrapondo os diários do próprio Davidson relatando o seu tempo passado entre os revolucionários, a história recente da formação e desenvolvimento destes movimentos independentistas e as guerras, revoltas e outros atos de resistência antiportuguesa dos séculos e décadas anteriores. O Autor procura traçar toda uma História da resistência nativa ao sistema invasor e inserir na mesma, como o seu culminar, os movimentos seus contemporâneos. Se por vezes essa resistência teve lugar em moldes internos ao dito sistema (ora procurando subir na pirâmide elitista colonial, ora procurando replicar essa mesma pirâmide com elites “nativas”) e noutros casos foi-lhe externa (mantendo as estruturas sociais e mentais africanas ou procurando retornar às mesmas), indivíduos como Cabral e Neto tinham atingido uma síntese de ambas as vertentes – os seus movimentos tinham uma raiz eminentemente local, em contacto próximo com o povo africano, mas faziam uso de armas e ferramentas ideológicas europeias. O caráter com origem africana, concebido propositadamente para os espaços em que se inserem, destes movimentos é muito importante para Davidson, levando-o a menosprezar e a considerar menos central a sua índole marxista. É esse caráter nativo, resultado de séculos de continuidade histórica, bem como a manifesta intenção de transformar por completo a sociedade em Angola, Guiné e Moçambique uma vez conquistada a independência (em vez de substituir meramente uma elite por outra) que eleva os independentistas, na visão do Autor, acima do estatuto de meros revoltosos e à qualidade de revolucionários. |
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