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Embora, como já se disse, não adepto a eventos comemorativos, Evaldo Cabral de Mello foi um dos historiadores agraciados em Portugal, em 2000, com o Prêmio D. João de Castro, pela obra O negócio do Brasil - Portugal, os Países Baixos e o Nordeste, 1640-1669. A Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, cujo comissário-geral à época era o historiador Joaquim Romero Magalhães, relançou a obra em 2001. O negócio do Brasil retomava o assunto da “guerra do açúcar” (pelo açúcar e financiada pelo açúcar). Se Olinda restaurada foi sobre a guerra contra os holandeses, em si, ressaltando como os dois lados em confronto se organizavam militarmente e como isso foi financiado, Rubro veio abordou o imaginário sobre a guerra. Já em O negócio do Brasil, também publicada em holandês em 2005, o autorcentrou-se na esfera diplomática do conflito em Haia, uma vez que notava na historiografia a “falta sensível de uma análise das negociações internacionais”. Esta ênfase acabou por trazer um mal entendido sobre a obra, de que a recuperação do Nordeste foi fruto meramente de um acordo diplomático e uma transação comercial. Isso se deu porque na primeira edição de O negócio do Brasil a luta luso-brasileira em solo nordestino pouco fora enfatizada, pelo fato de o autor ter considerado que já havia se falado o bastante sobre isso em Olinda restaurada, inclusive (O negócio do Brasil, 2011, p. 10-11). Aliás, esta abertura para fazer ajustes em suas análises é uma das características do autor que, ao lançar nova edição de uma obra, revê, reescreve e até reordena trechos também “no fito de dar fluidez e transparência ao texto” (idem, p. 13). Para Evaldo Cabral de Mello, não é possível compreender a guerra brasílica sem voltar-se à restauração portuguesa. Ele defendeu que todo historiador interessado em pesquisar sobre o período colonial brasileiro deve estudar a historiografia portuguesa. Mello sempre analisou de forma crítica a relação entre metrópole e colônia e chegou a declarar em entrevista que os problemas do Brasil contemporâneo poderiam ser em grande parte explicados por duas questões vivas na administração pública desde o período colonial: corrupção e incompetência. Ao descrever o período holandês, não deixou de demonstrar admiração pelo modo de administrar batavo, que seria mais organizado que o português, à época, e de maior tolerância religiosa. No entanto, quando indagado se o Brasil teria tido melhor sorte sob a a condição de colônia holandesa, não descartou a hipótese, mas ressaltou que ex-colônias neerlandesas não ficaram livres de problemas socioestruturais como os sofridos pelos brasileiros. |
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