Por essa preocupação de querer ver tudo, querer consultar todas as obras e em todos os casos verificar o que já escrevera, o seu doutoramento – como já acontecera com a licenciatura – foi sendo adiado. LFA andou às voltas com a continuação de A diplomacia portuguesa e os limites meridionais do Brasil 1493-1700 desde 1957 até 1973. Para afinal se ver forçado a desistir dessa continuação prometida – e desejada – para se confinar apenas a A Colónia do Sacramento na época da Sucessão de Espanha. Tendo mesmo deixado de lado as negociações e relações diplomáticas para se debruçar sobre os aspectos económicos e sociais. Deu-nos com isso uma obra excelente, com uma perspectiva ampla, como dizia querer – que muito explica do passado do Sul do Brasil, mas também o do Uruguay e da Argentina. Porque LFA, se bem que tivesse a sua preferência pela história diplomática, buscava a compreensão e a explicação dos assuntos estudados sem se limitar a um ou outro dos aspectos. E nunca abandonava a preocupação pelo económico e pelo cultural.

Inicia esta dissertação uma revisão muito cuidada da sucessão de Espanha e das questões por ela postas quando Carlos II testa os seus reinos e senhorios em benefício do seu parente o Duque de Anjou, neto de Luís XIV. Abria-se uma questão geopolítica de consequências imprevisíveis com a íntima ligação da Espanha e da França – contra se aliam os Países Baixos, a Inglaterra e o império alemão. Constituem-se as alianças e apresta-se o conflito militar. A Colónia do Sacramento nos últimos anos do século tinha tido um crescimento notável, com a política de povoamento e com o contrabando da prata peruana. O comércio do couros atingia volumes muito grandes, e tudo isto punha em perigo o domínio espanhol exercido no estuário do Prata a partir de Buenos Aires. À declaração de guerra logo a Colónia é ocupada e destruída, retirando-se a guarnição. Era a segunda destruição da Nova Colónia. Acabava um período de prosperidade.

As grandes questões da política internacional relacionadas com a Nova Colónia reservava-as para o segundo volume de A diplomacia portuguesa e os limites meridionais do Brasil. No entanto, o seu sentido da realidade e o conhecimento que tinha de si mesmo e do seu trabalho levava-o a avisar “se algum dia viermos a escrevê-lo”... Mas ficaram textos vários preparados para a imprensa, entre os quais um importante documento da autoria de Sebastião da Veiga Cabral sobre a Colónia do Sacramento cujo original se encontra na Biblioteca da Ajuda e que LFA aprontou para publicação. Trata-se da Representação estudiosa e útil para as Majestades, grandeza, e vassalos de Portugal (1702) de que saíra já no Uruguay uma edição a partir de uma cópia muito defeituosa da Biblioteca Nacional de Portugal, que lhe mereceu uma cerrada crítica.

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