Outro artigo da mesma colectânea sobre história das técnicas tem como pretexto a presença de um construtor naval francês em Portugal entre 1710 e 1715. Porque a marinha necessitava de apetrechamento e renovação de vasos de guerra, foi necessário mandar vir de França um tal Chabert, que se ocupará em Lisboa da construção de naus. Com relativo êxito profissional, mas azar pessoal.

Para bem aquilatar dos métodos de trabalho rigorosos de LFA há que ler o artigo que dedica a “A autenticidade do “Testamento Político” de D. Luís de Cunha.” Nele se vê a minúcia com que analisa o papel do embaixador, comparando com outros escritos da sua mão, o que lhe permite uma apreciação desde logo favorável, sobretudo por referências constantes do texto que a outros não se conseguiria atribuir. Mesmo a indicação de Sebastião José de Carvalho e Melo para Secretario de Estado resulta de apreciações favoráveis à sua pessoa e à acção diplomática que D. Luís da Cunha expendeu em outros lados. Concluindo embora pela sua autenticidade, com deficiente publicação e pelo facto de o texto ter ficado inconcluso.

Muito interessante e informativo é o artigo sobre “Aclimatação de plantas do oriente no Brasil durante os séculos XVII e XVIII”, embora menos prospectivo quanto a novidades metodológicas. Trata-se, aliás de um assunto a que voltaria, sempre procurando a “utilidade” das transferências botânicas entre o Oriente e as Américas, utilidade económica e eventualmente afectando os fluxos comerciais, pela substituição dos espaços da procura de produtos exóticos.

Mais inesperada é a atenção dada aos “Motins populares no tempo de D. João V”. Sendo este rei uma das personagens favoritas de LFA, mostra como no circunscrito ambiente português as emoções populares também não faltaram, Segundo mecanismos de agitação conhecida em outras paragens, nomeadamente estudados pela historiografia francesa, usando dos escassos elementos económicos de que se dispõe para o período, apesar de tudo o autor consegue mostrar como se desencadearam e depois se aquietaram os motins urbanos e rurais de 1709, 1710, 1721 e 1723. Não muitos, como seria de esperar, em período de conjuntura não especialmente perturbada.

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