Professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (1981-1992), pertenceu à Academia Portuguesa da História, foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e do Instituto Histórico e Geográfico do Uruguay. Foi membro da Academia de Marinha e de The Polish Institute of Arts and Sciences in América. A sua modéstia, se não timidez, afastavam-no de uma qualquer forma de aceitação do reconhecimento de superioridade tributada pelos seus pares. Pelo que mesmo quanto a publicações era preciso saber apanhá-las – faltava sempre confirmar qualquer coisa.

Só tardiamente e depois de muito instado, acedeu em reunir alguns dos seus trabalhos num volume. Coube-lhe a escolha, o que significa que naturalmente seleccionou os que mais satisfação lhe davam. Figurando assim como um como que auto-retrato dos seus interesses como historiador. É a história das técnicas e aspectos da história da agricultura, o Testamento Político de D. Luís da Cunha, a aclimatação de plantas do Oriente no Brasil dos séculos XVII e XVIII, a Colónia do Sacramento e a formação do Sul do Brasil, D. João V e o absolutismo e a biblioteca do rei que são oferecidos nas Páginas dispersas, a que juntou o subtítulo de Estudos de História Moderna de Portugal. Ocorreu isto em 1995, para marcar a jubilação alcançada em 1992. Aí se podem averiguar as preocupações, a problemática, a construção historiográfica e a erudição sempre discretamente presente do autor. Luís Ferrand de Almeida era um investigador muito escrupuloso, dominando as fontes e a bibliografia de uma forma incomum. Construindo os seus escritos à mão, numa linda letra, que dava a dactilografar, pois nem máquina de escrever, nem computador usava.

História das técnicas, com “Inovações técnicas no tempo de D. João V: o engenho do Pinhal do Rei”. Artigo saído em 1962, assinalando o tempo de “invenção e de progresso” do século XVIII. Como ensina, havia que ter em conta “o ambiente cultural do século, com o mecanicismo cartesiano, o prestígio da física de Newton, a reabilitação das artes mecânicas, a importância crescente do ideal utilitarista e prático.” (p. 2) Nesse ambiente e sob a protecção de D. João V, instala-se no Pinhal de Leiria um moinho de vento para a serração de madeiras. Vêm montá-lo, em 1723, arquitectos ou engenheiros e artífices holandeses. Preparava-se a sua administração – com os seus funcionários – a fim de pôr o engenho a trabalhar dando bom rendimento. O que implicava outras questões, como a do transporte das madeiras, que em especial se destinariam à construção naval. Acompanham este artigo um conjunto de desenvolvidas notas eruditas que permitem esclarecer muitas das questões que um artigo pioneiro levantava.

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