De grande destaque entre as suas pesquisas se revela o artigo “Sobre a introdução e a difusão do milho maís em Portugal”. Assunto que prendeu a atenção de muitos historiadores (v. g. Vitorino Magalhães Godinho, Frédéric Mauro e António de Oliveira) e geógrafos (Orlando Ribeiro), a botânicos e outros especialistas, não deixou LFA de dar um excelente contributo sobre a matéria. A “revolução do mais” é tema apaixonante, que recebeu aqui mais uma contribuição para melhor datar a difusão do milho de maçaroca consoante as regiões do País e não se dar como geral uma expansão que teria sido mais lenta do que muitos têm defendido. E mais tardia, datando já dos séculos XVIII e XIX a sua generalização, sobretudo importante no Norte.

LFA debruça-se também, com grande finura na sua interpretação política e administrativa, sobre o absolutismo régio, sobretudo pelo modo como ele foi vivido e praticado por D. João V. Concepção e prática paternalista, bem mais pragmática do que subordinada a um paradigma teórico, ou a qualquer direito e doutrina jurídica que se queira ler ao invés do tempo. Nem sequer ao polissinodismo de alguns concede qualquer validade, pois os conselhos eram sobremaneira consultivos. Embora haja que matizar um pouco o que se passa quanto ao Conselho Ultramarino. Isto em tempos em que nem se reuniam as cortes, nem se consultavam quaisquer entidades públicas para as medidas a tomar pelo poder. Embora houvesse um dificilmente entendível exercício do poder central nos anos finais do reinado, com o rei, o cardeal da Mota, o padre Carbone e Alexandre de Gusmão presentes e agentes ao tempo que os Secretários de Estado (criados em 1736) ainda não teriam bem assentes os seus poderes.

Não podia faltar um artigo sobre a Colónia do Sacramento nestas páginas avulsas: neste caso o autor aproveitou a sua colaboração em Portugal no Mundo, dirigido por Luís de Albuquerque. Páginas que se querem representativas de uma vida académica que não foi apenas de investigação. LFA também foi exemplar na preparação das lições e na indicação de elementos de trabalho para os estudantes. Sempre procurando fornecer quantos dados disponíveis havia para consulta e trabalho. E os estudos sobre a Nova Colónia naturalmente que se destacam. Com a qualidade de sempre, embora se vão aperfeiçoando, à medida que as pesquisas avançam, que o conhecimento documental e bibliográfico se desenvolve. E a admiração de Argentinos e Uruguaios se radica. Em 2006 a homenagem prestada em Montevideu teve lugar no próprio edifício do Ministério dos Negócios Estrangeiros e na presença do titular da pasta. Foi o reconhecimento que não apenas o Brasil o tinha como um notável investigador mas também um mestre que lhes dava bons fundamentos históricos para uma política regional platense.

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