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ALMEIDA, Fortunato de | |||||||||||||
Essa atividade sinaliza a militância católica de Fortunato de Almeida, que deverá situar-se no quadro do catolicismo integral, referencial identitário basilar, compaginável com tendências de cariz nacionalista de que a componente católica seria elemento essencial, face ao qual a participação político-partidária tenderá a ser instrumental. Essa militância exprimiu-se, também, na atividade de polemista, concretizada, entre outros elementos, na crítica à tese defendida por Afonso Costa que versava a encíclica de Leão XIII Rerum Novarum (1891). Com A questão social: reflexões à dissertação inaugural do Senhor Afonso Costa (1895, o mesmo ano em que a tese do futuro líder do Partido Republicano Português foi defendida) regressava a um tema polémico, então candente: o lugar e o enquadramento político do papado, bem como a reclamação católica da respetiva liberdade que exigiria o exercício do poder temporal do bispo de Roma sobre um território autónomo; Fortunato de Almeida tinha-se ocupado do tema quando, em 1890, procedeu à tradução de A verdade sobre a questão romana. Terminados os estudos superiores, enveredou pela carreira docente, estabelecendo-se profissionalmente, após concurso, como professor do Liceu Central de Coimbra, depois Liceu José Falcão. Nessa condição fez parte do corpo de professores da Escola Normal Superior, encarregado da secção de ciências histórico-geográficas. Repartiu a sua atividade entre a docência e a produção historiográfica, âmbitos que mutuamente se influenciaram, como se percebe ao considerar o elenco das suas publicações, que atingiram um número expressivo. Para a historiografia mostrara inclinação e apetência desde os tempos da Faculdade, pelo menos. Ainda não tinha terminado o bacharelato em Direito quando, com 25 anos, vê publicada a monografia significativamente intitulada O Infante de Sagres (1894). Memória laudatória desse membro da ínclita geração, foi agraciada com um dos prémios do concurso realizado por ocasião do quinto centenário do nascimento de D. Henrique. Nesse primeiro empreendimento historiográfico é percetível a influência de Oliveira Martins que, com Pinheiro Chagas e Luciano Cordeiro, integrava o júri do concurso. Da influência Martiniana se afastaria, depois, no tocante à conceção do que deveria ser o trabalho do historiador; como se afastou do caráter épico que resulta do seu retrato do infante, bem como das efabulações acerca da suposta escola de Sagres. Embora matizada, a visão em torno do pioneirismo português na expansão marítima, que perfilhou nesse estudo embora fosse hipótese há muito questionada, manteve-se na sua produção posterior, denunciando preocupações de exaltação nacional – então transversal a vários quadrantes políticos e intelectuais –, tema a que voltou noutros moldes com La découverte de l'Amerique: Pierre d'Ailly et Christophe Colomb: les voyages des portugais vers l'Ouest pendant le XVe siècle (1913). |
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