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ALMEIDA, Fortunato de | |||||||||||||
Além das motivações identitárias e da persuasão de Lopes Praça, a investigação sobre matéria religiosa decorria do seu entendimento acerca do próprio trabalho historiográfico, que não podia descurar esse âmbito sob pena de prejudicar a compreensão de «muitas páginas da nossa história política e social», o que, em seu entender, acontecia por «não se ter estudado devidamente a história eclesiástica» do país. Apesar das limitações impostas por algumas das suas características, Fortunato de Almeida ensaia algumas incursões temáticas inovadoras, seja na atenção que reserva à situação das comunidades judaicas e islâmicas, ou nas expressões e práticas religiosas tidas por heterodoxas, como as superstições e a magia, bem como na análise dos rendimentos dos eclesiásticos, aspetos dos seus costumes, das suas carreiras, da sua formação e produção intelectual. Alguns destes aspetos, que só o trânsito da história eclesiástica à história religiosa viria a consolidar como objetos da investigação, têm aí os primeiros contributos no quadro historiográfico nacional. Muitas das temáticas aí enunciadas aguardam, ainda, investigações aprofundadas. Como carece de robustecimento parte significativa das sínteses biográficas que fez sobre os prelados portugueses. À distância de mais de cem anos, torna-se tão saliente o esforço feito, quanto o atraso do panorama historiográfico nacional, pela incapacidade de superar as limitações da obra de Fortunato de Almeida, no que à problemática religiosa concerne, considerando a sua concatenação com a história política, socioeconómica e cultural. A colaboração de Fortunato de Almeida no Dictionnaire d’Histoire et Géographie Écclesiastique (1912) não terá sido alheia ao reconhecimento da preparação do autor para elaborar sínteses sobre essas matérias que a HIP lhe granjeou. Uma década depois começou a ser publicada a segunda das obras referidas, a História de Portugal. Partilha com a HIP algumas características que, paradoxalmente, podem ser compreendidas como aspetos que contribuíram para que, por um lado, a historiografia portuguesa subsequente a tivesse superado, e, por outro lado, tivesse longa posteridade editorial, datando a última edição de 2018, sob apresentação e coordenação de José Manuel Garcia. Assim, a insistência na periodização por reinados, a que acresce o sumário sobre o monarca e a família real no final de cada um desses apartados, significava um passo atrás no avanço metodológico que a atenção aos desenvolvimentos políticos e socioeconómicos como critérios de periodização tinha representado com Herculano ou Oliveira Martins, como foi notado por Sérgio Campos Matos (Cf. ALMEIDA, Pereira de Andrade, FORTUNATO DE», Dicionário de Educadores Portugueses). |
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