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RODRIGUES, José Maria | |||||||||||||
Finda a missão como reitor do liceu do Carmo, em 1902, JMR optara por se fixar em Lisboa, dedicado ao magistério da Filologia latina no Curso Superior de Letras. Os laços que continuavam a uni-lo à Faculdade de Teologia seriam dissolvidos a 19 de Abril de 1911, sob a República, na altura em que a escola foi extinta e a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, então criada, procurou absorver o seu corpo docente. JMR preferiu acompanhar a metamorfose do Curso Superior de Letras, passando a ser, em Junho de 1911, professor da também nova Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Aí iria jubilar-se, catedrático, em Outubro de 1927. Das relações estabelecidas e do reconhecimento suscitado, falam o título de doutor honoris causa, atribuído pela Universidade de Coimbra, ou a condecoração como Grande Oficial da Ordem da Instrução, ambos de 1922. Não menos eloquente é o vínculo a Grémios e Academias: v.g., a Sociedade de Bibliófilos Barbosa Machado ou a Academia das Ciências, em cuja secção de História teve lugar como sócio efectivo, e da qual chegou a ser, entre 1925 e 1927, presidente da classe de Letras. Nestas décadas, copiosa é a produção bibliográfica, na qual se distinguem três áreas de interesse, não raro entrecruzadas: a História, a Filologia e a Camonologia. Com Os Lusíadas – gostava de lembrar JMR – “não se aprende só a amar a pátria e, como consequência disso, a empregar todos os esforços para a tornar credora da consideração dos outros países. Por êles ficamos sabendo também como se afunda, como perece uma nação.” (“Lição inaugural da Cadeira de Estudos Camonianos”, 1927, p. 80). Ao homenagear a memória do Príncipe Luís Filipe, JMR enfatizou que para ele havia empreendido “os seus estudos camoneanos” (“Camões e a Infanta D. Maria”, 1910). Sem mentir, poderia acrescentar que esse seria o rumo predominante do seu labor. Em 1905, saíram as Fontes dos Lusíadas – resultado de um esforço positivista, assente na convicção de que o confronto do texto do poeta com o de suas hipotéticas ou efectivas matrizes permitiria compreendê-lo melhor e, eventualmente, emendar erros que o afectassem. Petrarca, Boccaccio, Ariosto ou Marcantonio Sabellico são trazidos à colação, bem como autores nacionais e uma pluralidade de géneros. Na epopeia – havia de frisar JMR –, Camões terá desejado guardar, “como em um museu, muitas particularidades de construção gramatical, de fonética, de métrica, de ortografia, etc., que encontrou nos livros portugueses que lhe serviram de fonte.” (“Pontos de contacto entre A linguagem do «D. Quixote» e a de «Os Lusíadas»”, 1931, p. 14). Todos os pormenores seriam, pois, dignos de atenção. Daí contributos como “Dois versos dos Lusíadas” (1911), “Algumas observações a uma edição comentada dos Lusíadas” (1915) ou “Notas para uma edição crítica e comentada dos Lusíadas” (1920). Animados, em alguns pontos, pelo espírito de controvérsia, estes artigos são exemplos de micro-leitura ou de uma prática de escoliasta que JMR estendeu às suas edições da épica de Camões: a de 1921, fac-similada; a de 1928, com grafia modernizada. Feita “por amor de Portugal e do poema”, esta “Edição Nacional” era o fruto de uma parceria com Afonso Lopes Vieira. |
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