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AMEAL, João [João Francisco de Barbosa Azevedo de Sande Aires de Campos] | |||||||||||||
A esta análise de João Ameal não é despicienda, novamente, a influência do pensamento tradicionalista e do IL – em especial, de António Sardinha, cujo projeto não realizado de uma História de Portugal revisionista tinha sido, aliás, por ele e por Rodrigues Cavalheiro tentativamente recuperado nas já referidas Erratas à História de Portugal – e que ecoa, de resto, na sua própria História de Portugal. Mas são também perceptíveis, a este respeito, outras referências metodológicas, como as de Jacques Bainville, Jacques Maritain, Robert Aron ou André Beaunier. A História de Portugal de João Ameal é, como sucede com outros trabalhos ligados ao tradicionalismo, de certa forma oscilante. Valoriza certos momentos, em especial a fase formativa da Idade Média – já destacada noutros trabalhos como “[…] o grande período, o período culminante da filosofia humana.” (Panorama do Nacionalismo Português, 1932, p. 36) –, a Expansão e a Restauração, em detrimento de outros. Mas para Ameal estes não eram, todavia, meros momentos de apogeu face a outros de declínio ou de decadência; antes, significavam o que seria o curso normal da História de Portugal, durante o qual ocorriam ocasionalmente interrupções, como a que teria sucedido em meados do século XVIII com o marquês de Pombal ou, em especial, durante a “centúria funesta” do liberalismo (História de Portugal, IV, 1958, p. 360), revertida pelo 28 de maio de 1926. De forma sintomática daquilo que era a sua filosofia da História, João Ameal chama-lhes também, “recaídas”: “É um facto: são sempre possíveis as recaídas em História. E tanto se podem dar na história duma vida, como na dum país, na dum continente, na duma civilização inteira.” (Rumo da Juventude, 1942, p. 81). Uma linha de argumentação é transversal à interpretação dessas interrupções – ou momentos “estáticos”, para recuperar o campo conceptual de João Ameal – enquanto hiatos daquilo que seria, de outra forma, o normal percurso histórico nacional: para o historiador, elas surgiam sempre que a Nação se afastava dos seus valores (o catolicismo, o espírito de missão, um certo providencialismo) por influência das “más ideias” vindas do estrangeiro (como o iluminismo, ou o liberalismo), frequentemente personificadas em agentes históricos concretos. A este respeito, veja-se o exemplo de Gomes Freire de Andrade, figura particularmente visada pela historiografia tradicionalista (História de Portugal, IV, 1958, pp. 561-562). |
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