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É neste contexto que deve ser situada a relevância atribuída pelo próprio aos seus trabalhos de história económica portuguesa e de história do pensamento económico português. Os primeiros encontram expressão sobretudo no ensaio de periodização histórica que constitui o quinto capítulo da I parte dos Princípios... bem como no estudo de história bancária incluído na II parte da mesma obra. A periodização a que procede da história das actividades produtivas permite identificar três épocas distintas, a primeira correspondendo à Antiguidade e caracterizando-se por uma diferença social fundamental, entre homens livres e escravos. A este período segue-se um outro durando aproximadamente até à Revolução Francesa, marcado pelo facto de as indústrias terem “uma organização mais diferenciada; na agricultura a servidão da gleba, os direitos banais, a propriedade amortizada e a vinculada e a imperfeita; na manufactureira a servidão da oficina e as corporações de artes e ofícios; na comercial as corporações, as ligas das cidades marítimas, o comércio pelo Estado e por companhias exclusivas” (Princípios..., 121). Finalmente, desde a Revolução Francesa está-se no período caracterizado acima de tudo pela concorrência livre, sendo que o propósito de Laranjo consiste em preparar o caminho para a chegada ao quarto período, o da associação. A observação e o estudo da realidade económica “provam que se está numa época económica crítica” (Idem, p. 138) em que prevalecem o conflito das classes e a concorrência anárquica. O diagnóstico da economia política dominante é deficiente: “A análise que a escola individualista faz da concorrência é incompleta, porque a desliga das circunstâncias históricas; a concorrência livre apareceu com a distinção já profunda entre empresários e trabalhadores, com a grande indústria e com a proibição aos operários de se associarem, e por tudo isso produziu não a igualdade, mas um feudalismo industrial” (Idem, p. 137): Trata-se de um resultado meramente transitório e que obviamente nos interpela à sua remoção, dado que “não se vêem senão grãos de areia sem cimento, indivíduos, átomos sem laço. E indivíduos (…) que são zero em face das grandes companhias industriais, e que só organizando-se em associações lhes podem resistir” (Idem, p.138). |
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