Boa parte da existência deste autor esteve ligada à Junta dos Juros dos Reais Empréstimos, criada em 1796 por ocasião da participação portuguesa na Guerra do Rossilhão. Macedo terá sido um daqueles casos de figuras que fizeram carreira em juntas e comissões públicas criadas por ocasião dos vários conflitos bélicos pelos quais Portugal passou no primeiro terço do século XIX: não só pelo rigor técnico e exactidão dos registos, cálculos e recolhas feitos, mas também pela facilidade em organizar ideias próprias num discurso coerente, escrito e falado, sobre vários assuntos políticos e culturais (finanças públicas, cortes tradicionais e vintistas, geografia e navegações árabes).

Tendo Macedo ingressado na contadoria da Junta dos Juros em 1800, ascendeu, antes dos quarenta anos, à categoria de oficial-mor de uma segunda contadoria, também ela dependente do Erário Régio: a contadoria fiscal da Tesouraria geral das Tropas (1816) – isto, quando a guerra peninsular já havia terminado dois anos antes. Doze anos mais tarde, nos momentos finais da primeira experiência cartista, vamos encontrá-lo a desempenhar as funções de vice-presidente, segundo uma consulta de 10 de Março de 1828 que é feita aos membros da Junta dos Juros (Diário das Cortes, 1828, pp. 799-800). Uma vez restaurado o liberalismo, Macedo voltará, em 1833, a exercer as funções de vice-presidente da Junta, agora com a designação de «Novos empréstimos» Esse seu pendor técnico, juntamente com o amor à literatura e às belas-letras, à erudição e ao conhecimento históricos, vão permitir-lhe ingressar na Academia das Ciências, onde se torna sócio efectivo da classe de Literatura em 1814 – algo de surpreendente, se pensarmos que dessa época não sobrevivem quaisquer textos escritos que o justifiquem.

É possível que Macedo fosse cooptado para auxiliar os sócios mais experientes na recolha de documentação inédita, espalhada pelo reino. Tanto assim seria, que no quarto volume da Colecção de Inéditos Portugueses (1816), aparece a informação de que Costa de Macedo e Francisco Nunes Franklin, aluno de paleografia e futuro oficial-mor da Torre do Tombo, prestam ajuda à comissão académica permanente de História de Portugal, constituída pelos veteranos Caetano do Amaral, João Pedro Ribeiro, Francisco Ribeiro Dos Guimãraes e Aragão Morato. Tal comissão teria por âmbito a «publicação dos documentos inéditos que se acham espalhados pelos principais cartórios do Reino», na continuação das diligências tomadas pela Academia ainda antes de 1790 (Colecção de Livros Inéditos... , t. IV, 1816, pp. VII e XXXVI). Pelo seu perfil cultural e trajecto profissional, Costa de Macedo ilustra bem o lugar da história na cultura institucional do Estado, em especial os seus usos político–jurídicos, nomeadamentes no campos da diplomacia e de instituições como a Academia das Ciências e o Erário Régio.

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