Macedo retoma em 1835, nos seus Aditamentos à primeira parte da Memória..., o tema que tratara em 1819: o do suposto início dos descobrimentos portugueses na época medieval. Para tal, socorre-se do manuscrito de Boccaccio publicado em 1827 por Sebastiani Ciampi em Florença, que considera confirmar, a posteriori, o que ele próprio aventara dezasseis anos antes (História e Memórias..., tomo XI, parte 2ª, pp. 178-179 e n. 1). Como relembrou Sérgio Campos Matos, historicamente Costa de Macedo não conseguiu provar a prioridade dos Portugueses a alcançarem as Canárias.

Temos, assim, Macedo como interveniente, embora secundário, de uma das polémicas científicas e historiográficas luso-francesas mais prementes das décadas de 1830 e 1840: a da prioridade dos feitos náuticos, ciência de marinharia e registo cartográfico da costa africana (incluindo arquipélagos adjacentes), por parte dos povos europeus. Outros intervenientes de peso foram o visconde de Santarém, Marie-Armand-Pascal d'Avezac, Alexander von Humboldt e Edme-François Jomard. Foi neste preciso momento histórico, de encruzilhada de ciência, mito e nacionalismo, que disciplinas afins como a geografia, a cartografia e a história dos descobrimentos conheceram novos desenvolvimentos – nem todos positivos, aliás (ainda hoje é discutido o real valor das teses apresentadas, como as que dizem respeito à descoberta das Canárias e da Guiné). A intervenção de Macedo, complementar da do Cardeal Saraiva e do visconde de Santarém, rebate uma imagem muito difundida na França pós-1830, sobretudo graças às obras traduzidas de José Liberato e do protagonismo de Talleyrand, de Hyde de Neuville e de Roussin: a de um Portugal tirânico, bárbaro e obscuro, tanto na actualidade, como no passado.

De certo modo, em Macedo cruzam-se várias tradições corográficas de articulação entre a história e a geografia, fomentadas tanto pela antiga Academia Real da História quanto pelas francesas Academia das Inscrições e das Belas-Letras e Sociedade de Geografia de Paris. O papel de Macedo, no seio da Academia das Ciências, foi de manter acesa a chama dessa antiga tradição de estudos corográficos portugueses (em contacto com o que de similar era produzido em França), a qual será retomada no Brasil por Varnhagen, no âmbito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

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