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Tendo por base estas ideias e conceitos, Martins procura compreender tópicos literários como constantes, ainda que mais ou menos prolongados ou eclipsados (e por isso retomáveis). Todas estas motivações e ideias de Martins devem ser lidas como alinhadas com uma perspectiva francófona dos Annales , que explora a modernidade medieval – numa ideia de relativização da periodização – e com uma visão antropológica, que persegue o Homem no seu todo ( Berrel , Marcelo, “As especificidades da Cultura…”, 2008, p.83). Portanto, glosando estas ideias e aspirações pode tentar resumir-se o seu ideário historiográfico como uma tentativa de, através das especificidades da cultura medieval portuguesa, tentar abarcar a amplidão do Homem, criando pontes entre a literatura que este produz através de uma metodologia de análise detalhada. Devemos olhar agora diretamente para uma parte que se nos afigura mais significativa da obra de Martins, de modo a compreender a aplicação prática das conclusões teóricas que tirámos. Procuraremos demonstrar, quer os seus objetivos, quer os seus conceitos operatórios. A magna amplidão do seu legado historiográfico impede a imersão detalhada no seu total. Nesse sentido, observaremos algumas das suas obras de maior divulgação, bem como dois pequenos ensaios mais teóricos. O objectivo de Martins de provar a especificidade de uma cultura medieval portuguesa está presente em Alegorias, Símbolos e Exemplos Morais. Nessa obra defende que a literatura transcende a língua pelos temas que procura e mundividência que revela. Defende também a ideia de estudar não só o que é português, mas também aquilo que é traduzido e consumido em Portugal, numa clara observação da recepção e eco que as obras encontram no ponto de chegada. ( Alegorias, Símbolos… 1975, p. 9-13). O seu outro objectivo – de procurar compreender a constância da consciência humana - está presente, por exemplo, nos seus dois artigos que aqui citamos. Em “É Perigoso Sintetizar a Idade Média” posiciona-se contra a ideia de que a Idade Média sofrera de um maniqueísmo que apenas compreendia Deus ou Satã. Assim, vem a defender um “simpático intermédio” entre as ideias de Bem e Mal. Cita um conjunto de obras literárias medievais bastante diverso, entre a Divina Comédia ou os 12 Pares de França , atentando em cada uma delas em passagens que descrevam ações menos boas dos personagens. |
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