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Miriam Halpern Pereira viria a ser também pioneira no interesse e estudo das revoluções liberais em Portugal sublinhando fortemente a sua importância e significado que procurou transmitir e divulgar por várias vias. Uma delas decorreu da necessidade que encontrou de fornecer instrumentos de trabalho aos alunos das unidades curriculares de história das já referidas licenciaturas do ISCTE, cujos programas de História Contemporânea, sob o seu impulso, valorizavam especialmente aquele século. Foi neste quadro que publicou, em 1979, o seu primeiro livro sobre a época com o título de Revolucão, Finanças e Dependência Externa. Tratava-se de uma antologia comentada de textos políticos, económicos e júridicos relativos à instauração do liberalismo, essenciais para compreender o processo de ruptura com o antigo regime. Os textos iam de excertos das três Constituições aos tratados de comércio mais marcantes da época, às mais importantes reformas liberais entre outros capazes de enquadrar os principais acontecimentos da época, indo da revolução de 1820, à revolução de setembro de 1836 à Maria da Fonte e à Patuleia. Aos textos sobre o vintismo, o cartismo e o setembrismo juntaram-se outros sobre o miguelismo abrindo assim, pela primeira vez, no quadro da modernização historiográfica porque o país começara a passar, o campo de análise a todas as forças políticas relevantes daquele período. A obra fora pensada para ser a primeira de uma trilogia intitulada Portugal no século XIX de que, no entanto, só veio a ser publicado o terceiro volume Origens do Colonialismo Português Moderno, de Valentim Alexandre. O novo livro de Miriam Halpern Pereira voltou a ter grande sucesso no meio universitário, na medida em que esta compilação de textos comentada sobre as revoluções liberais e dirigida aos estudantes punha também à disposição dos investigadores uma ferramenta de fácil acesso a quem trabalhava ou pretendia trabalhar sobre a primeira metade do século XIX em Portugal. Pouco depois, Miriam Halpern Pereira desafiou os seus mais próximos colaboradores para um novo projecto: a criação de uma revista científica de história, aberta à interdisciplinariedade e com um enfoque internacional. O projecto concretizou-se em 1983 com a publicação do primeiro número da revista Ler História, de que foi directora até 2008. Virada sobretudo para história moderna e contemporânea, a Ler História publicou, ao longo de muitos anos, historiadores referenciais, tanto portugueses como estrangeiros, e também jovens historiadores, muitos dos quais ali iniciaram o seu percurso historiográfico. Fê-lo sem descurar a sua vocação interdisplinar original, apoiada sobretudo no diálogo com a antropologia, promovido por um antropólogo do ISCTE, Raúl Iturra, que integrou o seu conselho redactorial desde o primeiro número. A revista publicou-se ininterruptamente de 1983 até 2023, ano em que se celebraram os seus 40 anos de existência, continuando a publicar-se a bom ritmo. |
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