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A presença do Estado constitui nessa interpretação a maior evidência de civilização por significar o traço distintivo de um povo superior, fronteira excludente entre o europeu e o índio em estado de barbárie, dispersão, desordem, ausência de autoridade, paganismo, a recordar aos colonizadores seu próprio passado. O Estado apresenta-se como força formadora e tutelar da nação, elemento racionalizador do processo histórico ao conferir-lhe identidade. Porém, ainda que reconhecesse os méritos da empresa colonial portuguesa no resgate da terra de selvagens que era o Brasil, não poupou os portugueses de um julgamento severo, ao imputar-lhes a incapacidade comercial apontada por Oliveira Martins, decorrência de ações contrárias a seus próprios interesses na empresa colonial. Por trás desta reflexão pode-se localizar a tentativa de explicar a situação de Portugal no concerto das nações europeias na época da produção de suas obras, entendida como de inferioridade em relação à Holanda e à Inglaterra. É possível surpreender assim um viés arianizante na sua obra sobre Pernambuco, em torno da discussão sobre a viabilidade da colonização neerlandesa em Pernambuco. Enfatizou ali as diferenças raciais entre o “tipo português”, com o qual os flamengos já estariam familiarizados pela imigração de judeus ibéricos, e que “pejara as ruas de Amsterdã de morenos, de tez perfeitamente meridional”. A superioridade flamenga sobre os ibéricos teria como prova suas vitórias militares no século XVII, impulsionadas por um espírito mercantil mais poderoso que o dos portugueses, porque mais evoluído. |
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