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“Desde a escola primária que eu me interessava por história. Criei países e as histórias desses países e escrevi-as desde a Pré-história até à actualidade” (A. H. de Oliveira Marques. O Homem…, 1994, p. 22). Este menino, oriundo da burguesia culta lisboeta, que estudou nos Liceus Camões e Gil Vicente, veio a ser de facto um renomado Historiador. E este seu sonho de inventar países, por onde viajava no tempo, deve-lhe ter vindo do seu olhar perscrutador, desde muito cedo, sobre selos e de gostar de os colecionar. Não admira, por isso, que o seu primeiro artigo, escrito com 18 anos, se debruçasse sobre Filatelia, para três anos depois estar a sair a lume a sua obra primeva História do Selo Postal Português e continuar ao longo da vida a explorar esta matéria. Concluindo o curso liceal ingressa, porém, no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, em 1950, do qual acabará por desistir, estando, em 1952, a matricular-se no curso de Ciências Histórico-Filosóficas da Faculdade de Letras de Lisboa. Paralelamente estudava, em creditados Institutos de línguas, inglês, francês, italiano e alemão, o que o apetrechou para um invejável domínio de línguas estrangeiras. Conclui o curso em Junho de 1956, para, logo no mês seguinte, caso verdadeiramente invulgar, estar a apresentar a sua dissertação, A Sociedade em Portugal dos séculos XII a XIV, na qual vinha a trabalhar desde o segundo ano, sob a orientação de Virgínia Rau, obtendo então a licenciatura com 17 valores. E logo em Outubro parte para Würzburg a fim de iniciar a sua investigação para o doutoramento sobre as relações comerciais entre Portugal e os países da liga hanseática, sob a direcção do Prof. Hermann Kellenbenz. Este competente e comprometido orientador, que com o seu orientando trabalhava uma tarde por semana, imprime-lhe um rigoroso e sistemático método de trabalho, que se coadunava com as exigências pessoais do discípulo, e que virá depois a ser reproduzido, quando Oliveira Marques se tornou, ele próprio, orientador. Estas marcas da escola alemã, combinadas com as da escola francesa, moldarão perenemente a sua identidade como historiador. Kellenbenz inicia-o na bibliografia da temática e dá-lhe a conhecer os diversos arquivos alemães, onde se encontravam os documentos para o seu estudo. Mas Oliveira Marques busca igualmente fontes nas bibliotecas e arquivos de cidades da República Democrática Alemã, em Inglaterra, no Public Record Office e na Biblioteca do Museu Britânico, em França, na Biblioteca Nacional, e ainda na Bélgica, Holanda e Espanha, tendo, ao fim de quatro anos, a 7 de Julho de 1960, defendido a sua tese de doutoramento, apresentada impressa, Hansa e Portugal na Idade Média, sendo aprovado com 18 valores. Trata-se de um percurso académico verdadeiramente fulgurante e inédito, em que Oliveira Marques se empenhou com intensidade e afinco, até para compensar, face à emulação com os seus colegas do liceu, o atraso de dois anos causado pelas mudanças de curso. |
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