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MARQUES, António Henrique Rodrigo de Oliveira S. Pedro do Estoril, 1933 – Lisboa, 2007 |
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Com grande apetência para a escrita de sínteses e porque não havia uma actualizada sobre a História de Portugal, como pensava, propôs-se elaborá-la, primeiro para a dar a conhecer nos Estados Unidos, tendo-se depois alargado o projecto. Saindo em dois volumes, em inglês e em português, no ano 1972, expande-se em seguida para três volumes. Trata-se de uma síntese da história de Portugal, apoiada em bibliografia recente e com traços muito inovadores, desde logo dando abertura já não apenas à história política mas também à demografia, economia, sociedade e cultura, revendo certas teses e conceitos da historiografia oficial (desde o sentido da Reconquista à afirmação da existência de feudalismo em Portugal), para além de dar entrada à história do Império e grande relevo à história que se seguiu à revolução liberal, estendendo mesmo o estudo até ao tempo presente (José Amado Mendes, História da História em Portugal…, 1996, pp. 321-324). O impacto desta obra em Portugal, no ensino liceal e universitário e no público em geral, pode ajuizar-se se tivermos em conta que teve 15 edições (última em 2010) e a sua projecção internacional pode abalizar-se pelas traduções realizadas, além da versão inglesa, para alemão, espanhol, francês, japonês, romeno e polaco. O resumo da mesma, que constitui a Breve História de Portugal (1995), com 11 edições para português (2019), e uma síntese Brevíssima História de Portugal (1992), com quatro edições em português, teve igualmente traduções para francês, inglês, chinês, espanhol, romeno e italiano, com diferentes números de edições. Mas Oliveira Marques foi ainda mais longe no aprofundamento científico amplo da história de Portugal e na sua acessibilização ao público. E desde finais da década de 80 até ao termo da sua vida investiu o seu saber e força vital, como director, coordenador ou autor, na publicação da Nova História de Portugal e da Nova História da Expansão Portuguesa, projectos que repartia com Joel Serrão, em que colaboraram muitos historiadores de diversas gerações. Em 1987 era dado à estampa o volume IV da Nova História, da sua exclusiva autoria, Portugal na Crise dos Séculos XIV e XV, que se apresenta como modelo do esquema geral a seguir em toda a obra, articulando estruturas e conjunturas e dando larga representatividade à demografia, aos grupos sociais, à tecnologia, aos meios e sistemas produtivos, à dinâmica política, à religião, à arte, à cultura e à vida quotidiana. Este livro inaugural é ainda hoje um referencial no estudo da história de Portugal da Baixa Idade Média. Até ao final da sua vida publicaram-se nove volumes da Nova História de Portugal, não sem algumas dificuldades de cumprimentos de prazos pelos seus responsáveis ou outras (ficando dois na editora, revistos). Da Nova História da Expansão saíram dos prelos oito dos 12 volumes projectados, tendo Oliveira Marques escrito grande parte do primeiro, A Expansão Quatrocentista, com a sistematização e clareza que lhe eram próprias. O impacto desta hercúlea tarefa confrontou-se com o plano editorial coevo em que surgiram muitas outras Histórias de Portugal. Mas a riqueza informativa, o rigor, a interpretação histórica fundamentada e uma escrita límpida assumiram-se como as marcas maiores que Oliveira Marques quis imprimir, e que no geral legou, nestes muitos livros das Novas Histórias, a maioria de autoria colectiva. Atento esteve ainda Oliveira Marques ao estudo do passado das instituições universitárias, sobretudo a Faculdade de Letras de Lisboa, em que se licenciou e começou a ensinar, e à evocação da historiografia e dos historiadores portugueses em obras como Ensaios da Historiografia Portuguesa (1983) e Antologia de Historiografia Portuguesa (1974, 1975), em que deu grande representatividade à figura de Herculano, historiador, cidadão e político, que muito admirava (Luís Miguel Duarte, Na Jubilação Universitária…, 2003, pp. 155-175). |
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