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MARQUES, António Henrique Rodrigo de Oliveira S. Pedro do Estoril, 1933 – Lisboa, 2007 |
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Em consentâneo, em artigos ou outros estudos, muitos deles reunidos nos Ensaios de História Medieval Portuguesa (1965) e Novos Ensaios de História Medieval Portuguesa (1988) continuou a abrir novos rumos de pesquisa sobre a população, a pragmática de 1340, a moeda, o comércio internacional ou a história urbana de Lisboa, Sintra, Cascais ou Arruda dos Vinhos, embora, infelizmente, não tenha concretizado a obra completa sobre Lisboa medieval, que tinha já estruturada e para a qual recolhera abundante documentação. Sem esquecer que, tendo orientado na Faculdade de Letras de Lisboa, em 1958, um Seminário sobre “A Peste Negra em Portugal”, temática quase então desconhecida, integrou o I Congresso Histórico de Portugal Medieval dedicado a esta matéria, organizado por Virgínia Rau, em Braga, no ano de 1959, cujas actas foram publicadas na revista Bracara Augusta em 1963, nas quais se inclui o seu trabalho “A Peste Negra na Europa”. E o seu desmultiplicado saber de história política, institucional, social e económica patenteia-se nas centenas de entradas que redigiu para o Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão e para tantos outros dicionários e enciclopédias. Por sua vez o seu Guia do Estudante de História Medieval Portuguesa (1964), com três edições, desvendou a riqueza de bibliotecas e arquivos e deu a conhecer a bibliografia fundamental para qualquer caminho a trilhar por todo aquele que se quisesse lançar na investigação da história medieval. Tendo criado, em 1980, o Centro de Estudos Históricos, Oliveira Marques, que ensinou e escreveu artigos sobre Paleografia e Diplomática, apostou na publicação das fontes, suporte do trabalho histórico (Saul António Gomes, Na Jubilação Universitária…, 2003, pp. 45-56). Inicia-se a linha da edição das Chancelarias Portuguesas (hoje com 19 volumes respeitantes a D. Afonso IV, D. Pedro I, D. João I e D. Duarte) e das Cortes Portuguesas (hoje com 12 volumes referentes a D. Afonso IV, D. Pedro I, D. Fernando, D. Duarte, D. Afonso V e D. Manuel I), prestando um relevante serviço a toda a comunidade científica nacional e de além-fronteiras, prolongando-se a sua iniciativa na actualidade, graças ao empenho da equipa do referido Centro. E foi ainda no âmbito deste Centro que se publicou o Atlas Histórico de Portugal e do Ultramar Português, de que foi coautor, que disponibiliza, em mapas, análises e sínteses de aspectos históricos, manual cartográfico que faltava na historiografia nacional. Com um certo chiste, Oliveira Marques afirmou em uma conferência que a sua obra se podia definir “em termos de triângulo”, suportada em três vertentes “publicar uma parte bibliográfica e de guias de fontes, outra de monografias e outra de síntese” (A. H. de Oliveira Marques. O Homem…, 1994, p. 168), o que aconteceu tanto para os estudos da época medieval, como referimos, como para os da época contemporânea. A sua obra sobre a história contemporânea ilumina com grande precocidade e com fundamentos científicos este período muito pouco estudado em tempos do Estado Novo e do Marcelismo. Desta sua produção comecemos por afirmar, tomando de empréstimo as palavras a Hipólito de La Torre que “no conhecimento histórico da I República portuguesa há um antes e um depois da irrupção de Oliveira Marques neste período” (Na Jubilação Universitária…, 2003, p. 101). De um período silenciado, proscrito e distorcido em tempos do Estado Novo passa então a tema de primeiro plano de estudo científico, rigoroso, fundamentado e objectivo, que redimensiona circunstâncias e acontecimentos políticos e resgata alguns grandes protagonistas de vida republicana. |
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