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Filho de um droguista originário de Viseu e estabelecido em Lisboa, na Rua da Escola Politécnica (bairro de São Mamede). Tendo a mãe falecido quando tinha 5 anos, foi em parte criado pelos avós maternos, Amélia, originária de Viseu, e Augusto Carvela, da região de Chaves. Conheceu assim, na infância, tanto o ambiente dos diversos lugares provincianos em que o avô, um militar que se aposentou como major, foi sucessivamente colocado, como o ambiente de um bairro lisboeta, no qual os edifícios universitários e a Imprensa Nacional marginavam o Jardim Botânico. Nas suas Memórias (2003), Orlando Ribeiro contou como teve, desde pequeno, relações de convívio com vários intelectuais. Através de A. Celestino da Costa (1884-1956), pai de um colega do colégio e futuro Presidente da Junta de Educação Nacional, obteve, desde 1934, pequenas bolsas que o ajudaram a descobrir, progressivamente, as várias regiões de Portugal. Em Agosto de 1935, foi convidado a participar, como conferencista, num Cruzeiro de Férias, organizado para mostrar à elite intelectual do País os vastos e diversificados, mas então quase desconhecidos territórios coloniais africanos. Conheceu ali Marcelo Caetano, que o ajudará a obter o lugar de Leitor de Português em Paris, dois anos depois de se ter doutorado em Lisboa. Muito cedo, a curiosidade intelectual tinha-o levado a completar o ensino recebido na Faculdade de Letras de Lisboa, com cursos diversos, que lhe abriram horizontes novos e a prática de várias técnicas de investigação. Citam-se, entre outras, a iniciação à língua árabe com o Professor David Lopes (1867-1943), que lhe revelou a importância do passado islâmico de Portugal, ou as lições do geólogo suíço Ernest Fleury (1878-1958), o único professor universitário em Lisboa que o levou a “trabalhar no campo” e que lhe ensinou a encher o caderno com notas e desenhos. Durante estes anos de juventude, foi essencial o convívio, quase filial, que teve com o idoso Leite de Vasconcelos (1858-1941), cuja influência moral e intelectual o acompanhará durante toda a vida. Com efeito, será apenas em 1988, que o 10º e último volume da Etnografia Portuguesa será publicado pela Impressa Nacional (Mestres, Colegas, Discípulos, I, p. 87-374), graças aos seus persistentes esforços, e aos do colega e amigo Manuel Viegas Guerreiro (1912-1997). Depois de ter estudado no liceu Passos Manuel (1921-28), Orlando Ribeiro seguiu o curso de História e Geografia na Faculdade de Letras de Lisboa (1928-32), tendo guardado lembranças desiguais do valor do ensino ali recebido. Lembrou apenas a influência benéfica, mas fugaz, de dois Mestres cedo levados pela morte: Manuel de Oliveira Ramos (1862-1931), um Professor idoso e cego, que lhe ensinou a tirar eficazes notas das leituras que fazia para ele, e Silva Teles (1850-1930), um médico da Marinha, nascido em Goa, que assegurava desde 1904 o ensino da Geografia no Curso Superior de Letras e dava “lindas lições”. Considerou sempre o seu sucessor, Luís Schwalbach (1888-1956) de nível medíocre. Quanto ao afamado Professor de Geografia da Universidade de Coimbra, Aristides de Amorim Girão (1895-1960), a despeito das instâncias de Leite de Vasconcelos e de fugazes encontros, a relação entre as duas fortes personalidades foi sempre difícil. Será a brusca invasão da França pelas tropas nazis, em Maio de 1940, que obrigará Orlando Ribeiro a aceitar um lugar de Professor Extraordinário em Coimbra, que trocará, em Março de 1943, para o de Professor Catedrático em Lisboa. |
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