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RIBEIRO, Orlando da Cunha | |||||||||||||
Duas influências importantes tinham marcado a sua formação. A primeira foi a de Leite de Vasconcelos, de 1930 a 1936. O velho sábio ensinou-o a percorrer sistematicamente o diversificado território português e a estabelecer contactos amigáveis com o povo das aldeias, anotando sistematicamente os factos observados. Mas, logo a seguir, Orlando Ribeiro integrou a parisiense e internacional Escola Francesa de Geografia, chefiada por Emmanuel de Martonne (1873-1955) e Albert Demangeon (1877-1940), dos quais será discípulo de 1937 a 1940. Durante estes “anos de Paris”, conviveu com mestres e colegas de diversas formações e nacionalidades, adquirindo assim um domínio perfeito do francês, praticando razoavelmente o inglês e decifrando o alemão (Mestres, Colegas, Discípulos, 2016-17). Projectou então a preparação de novo doutoramento, sob a dupla direcção de De Martonne e Demangeon, que seria consagrado à Beira Baixa, esta vasta e diversificada região de transição entre o Norte e o Sul de Portugal. Se Orlando Ribeiro tinha já percorrido todo o País, desconhecia por completo as regiões espanholas, mesmo próximas, porque a dramática Guerra Civil impediu por completo, de 1936 até 1940, qualquer visita à Espanha. Mas o triunfo de Franco ia permitir o rápido renascer dos contactos científicos ibéricos. Tendo perdido o incentivo dos mestres e colegas parisienses (salvo raros e curtos episódios, em geral clandestinos), Orlando Ribeiro ia receber logo o excelente apoio dos colegas espanhóis e perceber quão necessário era situar a personalidade de Portugal no seu contexto ibérico e, mais largamente, mediterrâneo. Uma necessidade que está bem expressa no título que escolheu para o seu primeiro e, ainda hoje, tão afamado livro: Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico, publicado em Coimbra, em 1945. Com efeito, se esta obra trata essencialmente do próprio país, o seu título sugere já duas amplas sínteses futuras, longamente amadurecidas: tanto o Mediterrâneo, Ambiente e Tradição, publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian em 1968, como La Zone Intertropicale Humide, escrita em parceria comigo e editada pela Armand Colin, em 1973. Tendo a Segunda Guerra Mundial terminado em Setembro de1945, o idoso Professor De Martonne, Presidente da Associação Internacional de Geografia desde 1938, tentou manter a muito ameaçada preponderância intelectual de uma Europa arruinada e dividida. Para isso, incitou o seu jovem discípulo português a aceitar o difícil encargo da rápida organização, em Lisboa, do primeiro Congresso Internacional de Geografia do pós-guerra. Orlando Ribeiro fez corajosa e eficazmente frente ao desafio e conseguiu que esta reunião internacional decorresse a contento de todos, em Abril de 1949, dando lugar a abundantes e valiosas publicações (5 volumes de Comunicações e 6 Livros Guias de Excursões). |
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