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RIBEIRO, Orlando da Cunha | |||||||||||||
Verifica-se que os seus primeiros discípulos escolheram, quase todos, uma pequena ilha como tema de tese de doutoramento, seguindo assim o modelo que lhes tinha dado, tratando em 1945 da Madeira e, em 1955, do Fogo. Foi o caso de Raquel Soeiro de Brito em 1951, com São Miguel, de Francisco Tenreiro em 1961, com São Tomé, de Ilídio do Amaral em 1964, com Santiago. Será ainda o caso de Carlos Alberto Medeiros, que consagrou à pequena ilha açoriana do Corvo o seu primeiro trabalho de investigação. Mas, alguns anos mais tarde, ele ia dedicar a tese de doutoramento, a um tema, ainda pouco habitual, de Geografia histórica, referente a uma vasta região africana interior: A Colonização das Terras Altas da Huíla (Angola). Segundo o historiador René Pélissier (Le Sud-Angola dans l’Histoire, 2017, p. 388), trata-se da obra magistral de um geografo que, “andando de cabeça fria e olhos abertos”, soube assim escrever “magníficas páginas de Geografia política, económica e social”. Outros discípulos de Orlando Ribeiro optaram por adoptar uma tendência então dominante: especializar-se cedo num dos ramos da Geografia, tal a Geomorfologia, a Climatologia, a Organização do Espaço, a Geografia histórica ou económica. Foi, por exemplo, o caso de Jorge Gaspar que, depois de ter publicado, em 1970, um excelente artigo de Geografia histórica sobre “Os portos fluviais do Tejo”, dedicou a tese de doutoramento a um “sistema de funções e lugares centrais”: A Área de Influência de Évora (1972), e tornou-se o orientador de largo grupo de discípulos. Em 1986, Júlia Galego realizou, em colaboração comigo, uma Memoria do C.E.G. intitulada O Numeramento de 1517-1532. Tratamento Cartográfico, ou seja, um estudo consagrado ao primeiro recenseamento geral, hoje conservado, da população portuguesa. Em 1987, era Maria Fernanda Alegria, então responsável do Laboratório de Geomorfologia do CEG-UL, que dedicava a tese de doutoramento a um tema, à primeira vista puramente histórico: A Organização dos Transportes em Portugal (1850-1910). As Vias e o Tráfego, publicado em 1990 como Memória do C.E.G. Mostrava como a organização regional do relevo e da rede de rios navegáveis, atravessando Portugal, influenciaram o traçado das vias férreas e como este foi, depois, um elemento de fixação que travou fortemente a livre evolução do espaço nacional. As reedições recentes de muitas obras dispersas de Orlando Ribeiro, que me foi possível realizar, de 2013 a 2017, com a ajuda da Fundação Calouste Gulbenkian, permitem oferecer aos interessados um acesso fácil aos seus numerosos artigos dispersos e, em particular, aos que resultam do interesse que ele dedicou sempre à presença do Homem na Terra e à marca, mais ou menos densa e persistente, que imprimiu nela.
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