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STEPHENS, Henry Morse | |||||||||||||
Embora o estudo que apresentou na Encyclopaedia Britannica corresponda a uma «síntese histórica», encontram-se nele os traços centrais da sua reflexão acerca da história de Portugal – traços que desenvolveria mais tarde em The Story of Portugal (1891) e que abordaria numa perspectiva comparada em “Modern Historians and Small Nationalities” (1887). Para Stephens, o tópico de maior interesse no estudo da Europa Oitocentista reside na tenacidade com que as pequenas nações fomentavam o espírito nacional e resistiam ao crescente poder de grandes estados, como a Alemanha, a França ou Grã-Bretanha. Essa afirmação das pequenas nações derivava fundamentalmente do trabalho dos historiadores modernos, que, recorrendo a novos pressupostos na investigação histórica e na escrita da história, teriam proporcionado às respectivas nações uma história isenta de mitos e livre da glorificação de figuras lendárias. Segundo o historiador escocês – embora esta reflexão possa ser discutível (Sérgio Campos Matos, Historiografia e Memória Nacional, pp. 77-84) –, em nenhuma nação o trabalho historiográfico exerceu maior influência no processo de consciencialização nacional do que em Portugal (“Modern Historians”, 1887, p. 109). Além disso, Stephens considerava que «the only reason why it has retained its independence, while the other medieval states of that peninsula have merged into the Kingdom of Spain, is to be found in its history» (“Portugal”, 1885, p. 539). Factores como a raça, a língua ou a geografia – centrais na visão de outros historiadores oitocentistas –, afiguravam-se-lhe insuficientes para justificar a independência de Portugal face a Espanha. Apesar de a sua narrativa sobre a experiência histórica portuguesa, tanto no texto publicado na Encyclopaedia Britannica como em The Story of Portugal, obedecer a uma organização cronológica, baseada essencialmente na sucessão de reinados, Henry Morse Stephens apresentou uma interpretação que revela conhecimento da mais recente historiografia sobre Portugal à época. Em primeiro lugar, a ideia de que as nações atravessavam fases de crescimento e de declínio («wax and wane»), que o historiador perfilhava, orientou em certa medida a sua análise do percurso histórico português. A seu ver, não terão existido diferenças significativas entre as experiências portuguesa e espanhola até finais do século XI. Só a partir da constituição de Portugal enquanto reino independente, com a aclamação de D. Afonso Henriques como seu primeiro rei, teve início o desenvolvimento de uma individualidade e de um carácter distintos. |
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