Para terminar há ainda a salientar, no pensamento (historiográfico) de Basílio Teles, a sua visão sobre os movimentos colectivos e o papel dos Grandes Homens. Seguindo a linha do cientismo positivista, Teles considerava ser uma verdade inequívoca – corroborada pela História e pelas leis biológicas – que todas as transformações colectivas, para serem fecundas, tinham de decorrer de um processo lento, ou pelo menos basearem-se em gérmens pré-existentes ou em aspirações profundas (mesmo que adormecidas) da colectividade. A História era feita das grandes energias sociais, sendo que os «grandes homens» tinham nela um papel menor: no caso português então, parecia-lhe evidente que os líderes não possuíam capacidade de influir na multidão, revelando-se instrumentos ocasionais, que simbolizavam os objectivos, desejos e aspirações do grupo que representavam (Figuras portuguesas, 1961, pp. 80-81). Em estudo recente sobre o pensamento filosófico de Basílio Teles, alguns autores destacam a sua «simpatia inconsciente mas incoersível pelos humanos» (A. Braz Teixeira, “O pensamento filosófico...”, 2007, p. 13), que explica, apesar da sua crença na presença do mal na natureza e nos homens, o seu voluntarismo cívico-político, o seu interesse pelas questões históricas e económico-sociais, e o «seu afã de estudar e de contribuir para a solução dos problemas nacionais» (Domingues, 2007, p. 53). Contudo, com algumas excepções, Basílio Teles preferiu confiar a implementação das suas ideias a outros, mantendo-se longe da vida política activa – ao contrário de alguns seus correligionários como Manuel de Arriaga, Teófilo Braga ou Duarte Leite. Cultivando um certo isolamento social e político, Teles parece ter escolhido para si um papel de observador crítico da sociedade, mais do que o de homem de acção. Não há informações sobre sociedades culturais e científicas, portuguesas ou estrangeiras, a que Basílio Teles, tenha pertencido.

Bibliografia activa: Memórias Políticas (fixação de texto, prefácio e índices por António da Costa Dias) Lisboa, Alfa, 1990 [1.ª edição de 1895]; O problema agrícola (crédito e imposto), Porto, Livraria Chardron de Lello & Irmão, 1899; Estudos históricos e económicos, Porto, Livraria Chardron de Lello & Irmão, 1901; Introdução ao problema do trabalho nacional, t. III, Porto, Livraria Chardron de Lello & Irmão, 1902; Do Ultimatum ao 31 de Janeiro, Lisboa, Portugália Editora, 1968 [1.ª edição de 1905]; As ditaduras, II - O regime revolucionário, Famalicão, Tipografia Minerva-Editora, 1911; A guerra, Porto, Livraria Chardron Lello & Irmão, 1914; A França e a Guerra de 70, Porto, Livraria Figueirinhas, 1916; Acquaviva, Porto, Livraria Civilização – Editora, 1917; Na Flandres (o episódio militar de 9 de Abril), Porto, Eduardo Tavares Martins, Suc.-Editor, 1918; Figuras portuguesas, Lisboa, Guimarães Editora, 1961.

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