Em 1910, o governo provisório da República encerrou a Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra. Por seu turno, a Lei de 19 de Abril de 1911 previu que surgiria em seu lugar uma nova instituição de ensino: a Faculdade de Letras. Integrada no organismo universitário conimbricense, herdou não só as instalações da antiga Faculdade de Teologia, mas também a Biblioteca e parte do corpo docente. Destinava-se esta nova Faculdade “ao ensino das sciencias psychologicas, philologicas e historico-geographicas” (Diário do Governo, Nº 93, 22 de Abril, 1911, p. 1638).
Foi na sequência deste movimento de reorganização do ensino superior conimbricense que teve início a concepção de um projecto para a realização de uma revista que funcionasse: primeiro, como forma de poder receber livros para a Biblioteca, sobretudo estrangeiros, pois só se poderia contar com a oferta dos mesmos “se deles se fizesse a recensão crítica ou o simples anúncio em publicação portuguesa.” (Biblos, Vol. XXV, 1949, p. I); segundo, como meio de divulgação do labor intelectual de professores e alunos da recém-criada Faculdade, afirmando desse modo o valor como investigadores dos primeiros e como futuros investigadores dos segundos; e terceiro, na senda da anterior, como modo de trazer prestígio e renome à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
O principal responsável pela concretização do plano foi o Dr. Joaquim Mendes dos Remédios. Doutorado em 1895 e professor na Faculdade de Teologia desde 1896, com a supressão desta transitou para a Faculdade de Letras de Coimbra, alcançando em 1925 o cargo de Director da Faculdade. E foi nesse mesmo ano que sob o seu impulso foi fundada Biblos, sendo o primeiro número lançado a público no mês de Janeiro com o subtítulo «Boletim da Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra», alterado em 1927 para «Revista da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra», o qual ainda hoje conserva. Assim surgiu Biblos, um órgão de comunicação jovem de uma instituição de ensino recente e da sua biblioteca.