No entanto, na base há um conjunto de características que parece ter sido partilhado por grande parte dos colaboradores. Trata-se da ideia de elevar a história à qualidade de ciência, colocando para o efeito a tónica no método que deve presidir ao labor do historiador. Nesta senda, é visível em grande número de artigos a preocupação em empregar um método rigoroso, no qual a crítica desempenhe papel nuclear, seja na análise interna e externa da massa documental, seja no labor de selecção e extracção dos factos contidos nos documentos, como ainda na construção do corpo de texto, de características impessoais e que procure um nexo entre a massa de factos a fim de ‘reconstituir’ o passado tão exactamente quanto possível, segundo uma lógica temporal e espacial clara e da qual sejam excluídas todas as interpretações que a base documental não autorize.
A adopção deste método, que, na verdade, é o método da corrente positivista e da escola metódica, parece ter sido acompanhado, a partir da década de trinta, por um incremento no número de artigos cujas temáticas bebem do conjunto de temas privilegiado pelos historiadores dessas duas correntes. De facto, com o advento do novo poder político, a partir da década de trinta há um aumento do número de artigos de temática política, militar, biográfica e diplomática, com especial preferência inclusive para os períodos Medieval e Moderno (então dominantes na historiografia) e, ainda que em raras excepções, também para o século dezanove. Relembre-se os artigos de Queiroz Veloso (Vol. VI, 1930) e de Américo da Costa Ramalho (Vol. XXXVIII, 1962).
Simultaneamente, também parece verificar-se a tendência no sentido da demonstração de erudição, de revelação de domínio das «ciências auxiliares» e da preocupação de extrair factos comprovados a partir de fontes seguras, provavelmente relacionado, na esteira da ideia de «história-ciência», com o intuito de construir uma narrativa tão verdadeira, sólida e completa quanto possível. Assim, o culto do documento é visível em grande número de artigos pela quantidade de citações directas dos mesmos, pelo número de notas de rodapé, pela inclusão de estampas e, por vezes, pela adição de grandes anexos documentais. São disto exemplo os artigos de Luís Ferrand de Almeida (Vol. XXVII, 1951) e Salvador Dias Arnaut (Vol. XXXV, 1959).