Esta tendência para enformar a escrita da história em moldes semelhantes prende-se com uma ideologia nacionalista em voga no Estado Novo. Ao mesmo tempo, a coacção do poder político pode também oferecer justificação para o facto de o pluralismo temático que marcou Biblos na década de vinte, onde se constata em número muito considerável de artigos uma tentativa de afastamento das correntes positivista e metódica pelo tratamento de temas de história social, económica, cultural, religiosa e inclusive pela elaboração de reflexões acerca da própria história, esse pluralismo temático, dizíamos, ter sido afectado no sentido da exclusão de artigos de história económica e social. Embora estas duas temáticas tenham sido cultivadas nos primeiros anos de Biblos por colaboradores como Gonçalves Cerejeira (Vols. II-III, 1926-1927; Vol. IV, 1928), Mendes dos Remédios (Vols. I-IV, 1925-1928), ou Serras e Silva (Vol. II, 1926), a partir da década de trinta sofreram grande contracção.
Não obstante, a publicação de artigos de história política, biográfica, militar e diplomática também não parece ter-se tornado hegemónica. Na verdade, foi entrecortada de modo não pouco frequente por artigos de história da cultura e história da literatura, da autoria de colaboradores como Joaquim de Carvalho (Vol. XXV, 1949; Vol. XIX, 1943; Vol. XXII, 1946), A. J. da Costa Pimpão (Vol. XV, 1939; Vol. XXVII, 1951) e J. S. da Silva Dias (Vol. XXVIII, 1952; Vol. XXXIX, 1963; Vol. XLIII, 1967); de história regional, de Rui de Azevedo (Vol. X, 1934); no que respeita ao problema das origens das instituições municipais e ao problema do ermamento e repovoamento do norte de Portugal no século IX, de Torquato de Souza Soares (Vol. XV, 1939; Vol. XVIII, 1942); acerca do acaso, do determinismo e da previsão em história, de Sílvio Lima (Vol. XIX, 1943); acerca das possibilidades, objectivos e daquilo que deve ser a história da filosofia, de Magalhães Vilhena (Vol. XIX, 1943); ou sobre a organização da diocese de Braga, do Pe. Avelino J. da Costa, onde se nota já inclusive sintomas de mudança pela recuperação da análise sob o ponto de vista económico (Vols. XXXIII-XXXIV, 1957-1958).