Há também artigos em que a preocupação com o documento e com os factos nele contidos é levada ao extremo, dando origem a corpos de texto que consistem quase na sua íntegra em citações documentais, reservando-se os autores a escrever algumas palavras breves de contextualização e/ou de ligação entre citações. São disto exemplo os artigos de Eduardo Brazão (Vols. XXXVII, 1961 e XXXVIII, 1962) e António A. Ferreira da Cruz (Vol. XIII, 1937).
Há ainda que registar o esforço de muitos colaboradores no que respeita à divulgação de documentos autênticos e inéditos. É disso exemplo o artigo de Carlos de Passos (Vol. IV, 1928). Na introdução deste artigo, também parece verificar-se a influência das correntes acima referidas pela exaltação, em tom laudatório e nacionalista, do esforço da raça, “aventureira e aventurosa”, “sonhadora e audaz”, e cujo génio incarnou “no mais alto grau” no infante D. Henrique, “paladino intemerato da sua glória” (Vol. IV, 1928, p. 225). Sob a mesma influência, Vergílio Taborda asseriu, num artigo de cultura política (Vols. IV-V, 1928-1929), que a política se fez para os super-homens.
A influência da corrente positivista e da escola metódica no que concerne à ideia de que são as grandes figuras os responsáveis pelos acontecimentos mais importantes da história manifestou-se mesmo na análise interdisciplinar de A. de Amorim Girão: Condições geográficas e históricas da autonomia política de Portugal (Vol. XI, 1935). Nesse artigo, embora o colaborador de Biblos afirme, evocando mesmo uma tese de Lucien Febvre, que houve certos factores de ordem geográfica que concorreram para a autonomia política portuguesa, considera, contudo, que o papel decisivo na obtenção dessa autonomia coube aos grandes-homens. Com efeito, para A. Girão os factores geográficos são somente uma garantia de manutenção da autonomia política do Estado português, pois a verdadeira chave da sua obtenção reside na acção de grandes figuras, cuja ambição pessoal e sonhos de independência individual concorreram para a separação do Condado Portucalense do reino de Leão. No mesmo sentido, nascida a nacionalidade, Amorim Girão conclui que são os homens notáveis os fazedores da história, pois a nação “só verdadeiramente obrou prodígios quando teve a guiá-la algum dêsses grandes homens […]” (Ibidem, p. 442).