Serão extremamente escassos os periódicos portugueses que, unindo as configurações jornalísticas com as compleições ‘literárias’ e ‘científicas’, possam igualar em longevidade e magnitude os pergaminhos de uma publicação como O Instituto, Jornal Scientifico e Litterario (1852-1981). Remontando aos primeiros momentos da Regeneração e influenciado pelo Romantismo, este órgão periódico distinguiu gerações de homens e mulheres de Letras e Ciências ligados, de algum modo, à Universidade de Coimbra, sendo um excelente barómetro das sinergias científicas e académicas conimbricenses até aos inícios da década de 1980. Aliás, é virtualmente impossível separar O Instituto do âmago da Universidade de Coimbra, à qual esteve impreterivelmente associado em toda a sua continuidade.
A fundação deste periódico literário e científico resultou da vontade do Instituto de Coimbra (1849), sucessor da Academia Dramática, constituída por lentes e académicos da Universidade e outros estabelecimentos de ensino superior, entre membros da Academia Real das Ciências e do Conservatório Real de Lisboa. Constituído por 4 classes académicas – Declamação Teatral, Literatura, Música e Pintura –, os trabalhos literários e artísticos da Academia seriam relegados para o Instituto de Coimbra, transformado numa corporação independente com a aprovação dos seus Estatutos (1852). Tal sucedeu na presidência do principal promotor do Instituto de Coimbra, Adrião Pereira Forjaz de Sampaio (1810-1874), concomitantemente o primeiro director d’O Instituto, personalidade decisiva nesta primeira fase da sua existência editorial.
Foi notório o peso institucional da Academia Real das Ciências de Lisboa desde a primeira hora. A concepção e evolução das iniciativas do Instituto de Coimbra obedeceram aos princípios expressos nos Estatutos de Janeiro de 1852, continuamente reformados ao longo dos séculos XIX-XX (1860, 1882, 1922, 1938), embora conservassem a sua matriz primordial. Permanece por fazer um trabalho de profundidade sobre as classes, as respectivas secções e o tipo de sócios, destacando-se, neste campo particular, as individualidades relacionadas com os estudos históricos.