Em razão do contexto em que foi criado e pelo modo como congregou importantes aspectos e assuntos históricos em meados do século XIX, em Portugal, o Arquivo Pitoresco (AP) constitui-se em um relevante registro oriundo da imprensa periódica daquele período. Editado semanalmente na Tipografia de Castro, Irmão e Cia, em Lisboa, e distribuído aos domingos, o semanário retomou, em alguns pontos, o projeto desenvolvido pela primeira experiência de imprensa literária e ilustrada portuguesa nos moldes do Oitocentos, O Panorama, conhecida publicação concebida por Alexandre Herculano. Sucedeu outro projeto semelhante de relevância, a Revista Universal Lisbonense (1841-1853).
Apesar de sua importância secundária, o AP teve uma sobrevida regular mais duradoura que seu predecessor. As atividades em O Panorama, considerado o marco instaurador do romantismo em Portugal, se iniciaram em 1837 e perduraram até 1844, com tentativas de retorno e extinção definitiva no ano de 1868. No caso do AP, foram onze anos ininterruptos de circulação, com dimensão de oito páginas por número e estabilidade de preço de estampa. Nesse sentido, com custo de 2000 réis por assinatura anual em Lisboa, e de 2200 réis nas demais províncias (inclusive ultramarinas e em outros países), o semanário atingiu êxito que o situava lado a lado ao jornal literário de Herculano em seus melhores tempos, com tiragens próximas a 5000 exemplares. José de Torres foi o redator principal no primeiro ano e em parte do segundo, sucedido por Francisco Pereira de Almeida, que se ocupou da finalização do segundo volume. Francisco Augusto Nogueira da Silva, António Feliciano de Castilho, António da Silva Túlio, Inácio de Vilhena Barbosa e Pedro Wenceslau de Brito Aranha (os dois últimos a partir do nono volume) foram os responsáveis subsequentes. Em conjunto com os demais colaboradores, revezavam-se nos espaços do AP e reforçavam o princípio de que, entre gravuras e textos, o intuito era tornar “útil e agradável” o conhecimento divulgado pelo periódico. Outros nomes que merecem referência pela frequente participação são: Alberto Osório de Vasconcellos, António José de Figueiredo, António Lopes Mendes, António Pedro Lopes de Mendonça, Innocencio Francisco da Silva, José Felix Nogueira e Luís Augusto Rebello da Silva.