O investimento em ilustrações, tal como em O Panorama, seria uma marca do semanário. Embora não tenham sido esses periódicos os responsáveis pela introdução do uso de imagens neste gênero de composição gráfica, chama a atenção o lugar de destaque ocupado por elas na coleção completa do AP. As gravuras em madeira foram acolhidas em profusão. Em praticamente todas as principais seções elas estiveram presentes. Não como meros adereços desligados dos textos, mas como ferramenta complementar ou mesmo motivadora ao que se seguia por escrito. Ainda no primeiro número, é possível encontrar uma notícia biográfica dedicada a Alexandre Herculano, igualmente exposta com gravura que representa o biografado. A seção intitulada “recordações de viagem”, comum nessas páginas ao longo dos anos, corriqueiramente apresentava imagens das cidades descritas pelos autores. Andrade-Ferreira, em artigo intitulado “Jornalismo literário em Portugal”, que apareceu no décimo segundo número de AP, comentava que “é destes jornais que mais necessita Portugal, porque é assim que, sem assustar as compreensões populares, é possível e agradável encaminhar estas às fontes da nossa história, e às noções mais elementares das ciências morais, tornando-lhes fácil e apetecível o que lhes fora inacessível apresentado em difusos compêndios” (AP, 1857, p. 93).
Esta iniciativa pedagógica que se justificava pela forma atribuída ao semanário estava expressa conjuntamente nos artigos reunidos e nas seções que eram instituídas. O papel desse meio de comunicação, tal como sugeria o texto de Andrade-Ferreira, era discussão frequente no século XIX. Os atributos do livro e do jornal e suas respectivas abrangências estavam a ser observados com atenção. Por isso, o compromisso cívico e patriótico de educar a população nunca foi perdido de vista. Em artigo no segundo ano do AP, Nogueira da Silva já evidenciava que o jornal surgia como meio alternativo de educação àqueles que não conseguiam comprar livros por falta de recursos financeiros (AP, 1858, pp. 154-155). Assim posto, durante os onze anos de sua existência e, marcadamente, na primeira metade desse intervalo, as publicações relacionadas à história e aos costumes das colônias, dos demais países europeus, da América e até mesmo de espaços distantes como Indonésia, Austrália e Japão tiveram significativa acolhida.