Como se sabe, não há, para o século no qual se desenvolveu o AP, projeto de face mais política do que as grandes construções nacionais modernas. No fundamental, o prólogo divulgado no primeiro número do ano de 1860 é bastante esclarecedor deste ponto de vista na particularidade de Portugal. Nesta nova etapa, “(...) nacionalizando cada vez mais este jornal, não só com os retratos, monumentos, edifícios, paisagens, produtos e tipos portugueses, divulgados pela gravura de madeira, e por artistas nossos, mas também pela narrativa dos feitos e ações de nossos antepassados, dos seus usos e costumes (...)”, os editores não deixavam dúvidas quanto à missão assumida (AP, 1860, pp.1-2). Espécie de segunda fase para os editores, no tocante às afirmações do mesmo prólogo, a manutenção dos conteúdos morais e religiosos estava garantida. À previsão de um amplo espectro de leitores, com faixas etárias variadas, era somada a inclusão formal do AP como instrumento didático nas escolas e outras instituições de ensino. O que anteriormente era intenção passava a ser finalidade principal. A instrução, daqui por diante, passaria por um envolvimento no processo de alfabetização da população e por auxílio significativo na valorização da língua portuguesa.
O importante a ser ressaltado é que neste movimento, a história, que sempre esteve mesclada entre copiosas monografias, romances em formato de folhetim, excertos antigos e outros tantos escritos, assumiria, de antemão, cariz formador. No mesmo prólogo estava dito que, mais que as matérias de atualidade, seriam os estudos do passado aqueles mais aptos a ensinar os jovens estudantes. Nessa mesma feita, são instituídas as seções dedicadas às “antiguidades nacionais” e “estudos de língua materna”. Sem que tenha havido a extinção dos modelos anteriores, artigos sobre os monumentos e prédios históricos de Lisboa e de outras cidades do país passariam a sobressair nas páginas do AP. A defesa do idioma, por outro lado, se daria, por exemplo, pela forte crítica à influência francesa, traço dos anos de ocupação e significativa participação no processo de modernização da imprensa por parte daquele país, o que levou a um conjunto de recensões negativas aos “galicismos”.